A penúria em lenhas no continente africano

Abstract

Os combustiveis tradicionais, em particular lenhas e carvão de madeira, desempenham um papel essencial na satisfação das necessidades energéticas dos paises africanos de baixo e médio rendi­mento. Face à forte dependência da generalidade da população desses paises, do combustível, a que tradicionalmente tem acesso e face a um elevado crescimento demográfico, traduzido por taxas médias de crescimento da população na ordem dos 3% ao ano e de urbanização quase dupla, tem-se vindo a intensificar, no continente africano, a pressão sobre a procura em lenhas nas comunidades rurais e peri-urbanas e em carvão de madeira nas cidades, de tal maneira que a situação dos aprovisionamentos em lenhas se deteriorou de forma acelerada em múltiplas regiões, apresentando sintomas claros de agravamento para a próxima década. A situação tem-se posto com particular acuidade para os países a sul do Sahara e com especial relevo para as familias, dado o elevado peso do sector residencial energia dos países africanos nos consumos globais de energia dos países africanos.

Poder-se-á assim dizer que, a grande maioria dos países. em Africa, tem enfrentado uma segunda crise energética, que afecta particularmente os sectores rurais das suas economias - a crise das lenhas.

Mediante esta problemática e com o objectivo de a aprofundar, procurou-se neste trabalho analisar a situação actual da escassez em lenhas, no continente africano, o seu impacto no sector das famílias, as perspectivas de evolução até final do século e ainda lançar e sistematizar algumas pistas no sentido da adopção de medidas efectivas, que permitam atenuar, a curto, médio e longo prazo, a pressão gerada pela situação de crise energética, já claramente sentida em diversas regiões africanas.

A sua concretização assentou numa base bibliográfica diversifi­cada, tendo-se reconhecido à partida certas limitações concreta­ mente a dificuldade de acesso a dados estatísticos, a dificuldade de compatibilização das fontes informativas e, em particular, a ausência de uma experiência de campo directa, apesar da inerente vantagem de não se dispor de ideias pré-concebidas de experiên­cias localizadas em certos paises, com o perigo de extrapolação dessas situações.