Associação entre fadiga e tomada de decisão baseada nas vias de esforço-recompensa na esclerose múltipla

Abstract

A esclerose múltipla é uma doença cada vez mais prevalente e a sua progressão leva a uma incapacidade clínica permanente. A maior parte dos doentes, jovens adultos em vida ativa, identificam fadiga e apatia como os sintomas inespecíficos mais debilitantes, sendo por isso importante explorá-los. No entanto, estes sintomas continuam a ser pouco abordados na avaliação clínica da doença. Neste trabalho, procurou-se relacionar a fadiga com alterações no estado motivacional de doentes com esclerose múltipla. Para tal, recorreu-se a uma tarefa comportamental na qual a tomada de decisão é baseada no conflito esforço-recompensa. Tentou-se comparar o desempenho de doentes com indivíduos saudáveis, assim como de doentes entre si com diferentes características clínicas, níveis de fadiga, apatia e depressão, analisando se o desempenho na tomada de decisão era independente desses condições. Também se procurou correlacionar medidas de fadiga, apatia e depressão em doentes e compará-las com indivíduos saudáveis. Esperava-se encontrar uma disfunção no processo esforço-recompensa perante uma tomada de decisão em doentes com elevadas queixas de fadiga. Tratou-se de um estudo caso-controlo cuja tarefa comportamental foi reproduzida a partir de um estudo idêntico realizado para doentes de Parkinson. Cada participante teve de aceitar ou rejeitar as recompensas que lhe foram propostas, ao longo de um total de 180 ensaios, consoante o nível de esforço que lhe era pedido para exercer por cada recompensa. Esses ensaios consistiram num jogo digital com macieiras, cujos frutos eram as recompensas, onde o esforço foi exercido através de um dinamómetro. Os participantes preencheriam ainda cinco questionários que avaliaram os seus graus de fadiga, apatia, depressão, défice cognitivo e características clínicas da sua doença. Infelizmente, devido à pandemia CoViD-19 que obrigou a cessar atividades presenciais e a regras estritas de distanciamento social, este projeto não pode ser devidamente desenvolvido nem foi possível deduzir qualquer conclusão.

Multiple sclerosis is an increasingly prevalent disease and its progression leads to permanent clinical disability. Most patients, active workers, recognise fatigue and apathy as the most debilitating non-specific symptoms, hence the importance of studying them. However, they are still neglected in clinical examination. With this work, we looked for an association between fatigue and motivational state changes in multiple sclerosis patients. For that, we used a behavioural task designed to evaluate effort-reward based decision making. We tried to compare performance between patients and healthy subjects, as well as between patients with different clinical features and levels of fatigue, apathy, and depression; assessing if performance in decision making was independent from these features. We also tried to correlate levels of fatigue, apathy and depression among patients and compare this with healthy individuals. We were hoping to find a disfunction in effort-reward based decision making in patients with high levels of fatigue. This was a case-control study whose behavioural task was replicated from a previous, similar, study performed in Parkinson’s disease patients. Each participant had to choose to either accept or reject rewards that were proposed, over a total of 180 trials, according to the level of effort they were asked to exert for each reward. These trials consisted in a digital game with apple trees, whose fruits were the rewards; and the effort was exerted via a dynamometer. The participants also filled five questionnaires that scored their levels of fatigue, apathy, depression, cognitive impairment, and clinical features of their disease. Unfortunately, due to the CoViD-19 pandemic – that forced on-site activities cessation and strict social distancing rules, this project could not go forward as planned and it was not possible to infer any conclusions.