Estilos de personalidade e vulnerabilidade à sugestão no contexto de uma relação interpessoal

Abstract

Nesta investigação procedeu-se à adaptação para a população portuguesa do Índice de Estilos da Personalidade de Millon – MIPS-R (Millon, 2004) e das Escalas de Sugestionabilidade de Gudjonsson – GSS1 e GSS2 (Gudjonsson, 1997), com o objectivo de estudar as relações entre as variáveis da personalidade medidas pelo MIPS-R e a Sugestionabilidade Interrogativa avaliada pela GSS1. Previu-se a existência de diferenças individuais na sugestionabilidade e que a essas diferenças correspondem diferenças em características de personalidade dos indivíduos. A adaptação portuguesa do MIPS-R apresenta indicadores de consistência interna, estabilidade temporal e validade semelhantes aos obtidos com o instrumento original. No âmbito dos estudos realizados com o MIPS-R, propôs-se uma alternativa aos resultados de prevalência, justificada pelas limitações deste sistema de derivação de resultados (Casullo & Solano, 2000; Grove & Vrieze, 2009). A adaptação portuguesa das Escalas de Sugestionabilidade pôs em evidência as limitações psicométricas destes instrumentos, também reconhecidas noutros estudos independentes (Gignac & Powell, 2009; Polczyk, 2005). Por esta razão, no estudo principal, Cedência 1, cujos indicadores de validade e precisão são adequados, foi utilizada como medida de sugestionabilidade. O estudo principal foi realizado com uma amostra de 258 indivíduos (M idades = 31.8 anos, DP = 12.0), que responderam ao MIPS-R e à GSS1 em sessões experimentais individuais. Os resultados mostram diferenças individuais na sugestionabilidade, que correspondem a características de personalidade retratadas em algumas escalas dos Estilos de Pensamento e de Comportamento do MIPS-R. Confirmam, ainda, que a sugestionabilidade medida através das Escalas de Sugestionabilidade de Gudjonsson é influenciada por variáveis de personalidade diferentes das que influenciam a sugestionabilidade captada através de paradigmas experimentais (cf. Lee, 2004; Liebman et al., 2002; Zhu et al., 2010). As implicações desta conclusão para a Psicologia Forense, bem como o contributo da investigação sobre os factores e condições que influenciam a exactidão dos testemunhos, são discutidas.

This research aims to understand the relationship between personality styles measured with The Millon Index of Personality Styles Revised – MIPS-R (Millon, 2004) and interrogative suggestibility as assessed by The Gudjonsson Suggestibility Scales – GSS1 and GSS2 (Gudjonsson, 1997). Hypotheses predicted the existence of individual differences in vulnerability to suggestion and that these differences correspond to differences in individuals’ personality traits. The internal-consistency reliability, the retest reliability and the validity studies conducted with the MIPS-R Portuguese adaptation show consistent results with those obtained with the original test. As part of the studies with the MIPS-R, an alternative to prevalence scores was proposed. Although innovative, the prevalence scores system is the most objectionable feature of the Millon instrumentation (Casullo & Solano, 2000; Grove & Vrieze, 2009). The Portuguese adaptation of the Suggestibility Scales highlights the psychometric limitations of these instruments, also recognized in other independent studies (Gignac & Powell, 2009; Polczyk, 2005). For this reason, in the main study, Yield 1 was used as a measure of suggestibility since its validity and reliability are adequate. The main study was conducted with a sample of 258 individuals (M age = 31.8 years, SD = 12.0), which responded to the MIPS-R and the GSS1 in individual experimental sessions. Results show individual differences in vulnerability to suggestion that correspond to certain personality characteristics, especially on the MIPS-R Thinking Styles and in some of its Behaving Styles. Results also confirm that suggestibility measured through the Gudjonsson Suggestibility Scales is influenced by different personality variables than those that influence suggestibility measured through experimental paradigms (cf. Lee, 2004; Zhu et al., 2010). The implications of this conclusion for Forensic Psychology, as well as the contribution of research on the factors and conditions that influence the accuracy of testimony, are discussed.