O impacto do confinamento devido à COVID-19 na prática de atividade física na população universitária portuguesa

Abstract

Está provado que a prática regular de atividade física contribui para a prevenção e tratamento das doenças crónicas tais como doença cardíaca, acidente vascular cerebral, diabetes, cancro da mama e cólon. Também ajuda a prevenir a hipertensão, excesso de peso e obesidade e contribui para a saúde mental, melhoria da qualidade de vida e bemestar. As recomendações de saúde pública e as medidas governamentais implementadas durante a pandemia de COVID-19 resultaram em restrições na vida diária, incluindo distanciamento social, isolamento e confinamento no domicílio. Enquanto estas medidas são fundamentais para limitar a propagação da COVID-19, o impacto delas nos comportamentos de saúde e nos estilos de vida é indefinido. Neste estudo, pretendeu-se compreender o impacto das medidas de confinamento na prática de atividade física na população universitária portuguesa. Para ampliar a abordagem, também foram analisadas as alterações na prática de atividade física e comportamento sedentário mediante outros fatores como caraterísticas sociodemográficas, consumo de álcool e tabaco e presença de sintomas de depressão ou ansiedade. Foi realizado um estudo observacional transversal em estudantes universitários antes e durante o confinamento. 126 estudantes universitários participaram no estudo. As principais variáveis dependentes foram a atividade física e o tempo sentado, medidas através de um questionário auto-administrativo que incluía a versão curta do Questionário de Atividade Física Internacional. Para a análise estatística foram utilizados testes paramétricos e não paramétricos, assim como análise por subgrupos. Durante o confinamento o tempo de atividade física por semana diminuiu 21,7% (DM-123,25; 95% IC:-211,10;-35,41) enquanto o tempo sentado por dia aumentou 15,1% (DM53,00; 95% IC:35,43;70,57). Na análise por subgrupos, observou-se diminuição significativa da atividade física em relação ao sexo, área de formação em saúde e proteção social, segundo, quinto e sexto anos académicos, índice de massa corporal normal, consumo de álcool, tabaco, local de residência e estádios de mudança.

Regular physical activity has been proven to contribute to the prevention and treatment of chronic non-transmissible diseases such as heart disease, stroke, diabetes, breast cancer and colon cancer. It also helps prevent hypertension, overweight and obesity and contributes to mental health, improved quality of life and well-being. Public health recommendations and government measures implemented during the COVID-19 pandemic resulted in numerous restrictions on daily life, including social distancing, isolation, and home confinement. While these measures are critical to limiting the spread of COVID-19, their impact on health behaviours and lifestyles is still undefined. The aim of this study was to understand the impact of the confinement measures in the practice of physical activity in the Portuguese university population. To broaden the approach, changes in the practice of physical activity and sedentary behaviour were also analysed through other factors such as sociodemographic characteristics, alcohol and tobacco consumption, and the presence of symptoms of depression or anxiety. A observational cross-sectional study was carried out in university students before and during confinement. 126 university students participated in the study. The main dependent variables were physical activity and sitting time, measured using a selfadministered questionnaire that included the short version of the International Physical Activity questionnaire. For statistical analysis, parametric and non-parametric tests were used, as well as group analysis. During confinement, physical activity time per week decreased 21.7% (MD -123,25; 95% CI:-211,10; -35,41) while sitting time per day increased 15.1% (MD 53,00; 95% CI: 35,43; 70,57). In the analysis by groups, there was a significant decrease in physical activity in relation to gender, area of training in health and social protection, second, fifth and sixth academic years, normal body mass index, alcohol consumption, tobacco use, place of residence and stages of change.