Utilize este identificador para referenciar este registo:
https://hdl.handle.net/1822/18653
Título: | Memória autobiográfica e teoria da mente em crianças de 4 e 6 anos |
Autor(es): | Silva, Andreia Cristina Rebelo da |
Orientador(es): | Martins, Carla Albuquerque, Pedro Barbas |
Data: | 2011 |
Resumo(s): | A memória autobiográfica consiste em memórias de acontecimentos passados relacionadas
com o próprio, onde considerações relativas ao self, objetivos de vida, significados pessoais e emoções
se entrecruzam, e ao fazê-lo permitem aos indivíduos construir histórias e narrativas de vida (Nelson,
1993; Nelson & Fivush, 2004). A teoria da mente como um importante marco sócio-cognitivo que
surge em idade pré-escolar traduz-se na capacidade de atribuir estados mentais, como pensamentos,
sentimentos, desejos e crenças, a si próprio e aos outros, bem como explicar e antever o
comportamento e pensamento dos outros com base nesses mesmos estados mentais (Flavell, 1999;
Lillard & Flavell, 1992). A teoria da mente e a memória autobiográfica em crianças emergem a partir
de um conjunto de mudanças representacionais, tornando-as mais capazes de compreender e
representar estados mentais e, assim, representar-se como tendo experienciado acontecimentos
passados (Nelson, 1992).
O presente estudo foi realizado com crianças de 4 e 6 anos e, num primeiro momento,
consistiu em avaliar as capacidades representacionais das crianças através do seu desempenho na
tarefa dos desejos diversos (Wellman & Woolley, 1990), na tarefa de acesso ao conhecimento (Pratt &
Bryant, 1990) e na tarefa de conteúdo das falsas crenças (Wellman et al., 2001). Aceder às memórias
autobiográficas foi também um objetivo deste estudo, onde a sua elicitação ocorreu com base numa
entrevista semi-estruturada construída para o efeito, assim como a avaliação. Para cada criança foi
contabilizado o número de memórias autobiográficas. Dado ressalvarem na literatura que as
capacidades representacionais (e.g., a compreensão de acesso ao conhecimento e compreensão das
falsas crenças) estão relacionadas com a pesquisa de memórias episódicas (autobiográficas) em
crianças (Perner & Ruffman, 1995; Perner et al., 2007; Povinelli et al., 1996), este estudo visou
compreender se o desempenho das crianças nas tarefas da teoria da mente estava relacionado com o
número de memórias autobiográficas. Os resultados evidenciaram que o desempenho das crianças na
tarefa de acesso ao conhecimento e na tarefa de conteúdo das falsas crenças estava relacionado
positivamente com o número de memórias autobiográficas. Esta relação pode ser mediada pelas
capacidades de representação das crianças, onde a compreensão de acesso ao conhecimento ao
permitir à criança compreender a ligação entre o acesso ao conhecimento e o conhecimento facilitou
às crianças a representação e o acesso ao conhecimento sobre acontecimentos pessoais passados. A
capacidade para conciliar duas representações contraditórias (compreensão das falsas crenças)
permitiu à criança integrar representações de si do passado e do presente e, deste modo, estar mais
capaz de se representar como experimentadora de acontecimentos passados. O desempenho das
crianças na tarefa de acesso ao conhecimento e na tarefa das falsas crenças permitiu, ainda, predizer o
número de memórias autobiográficas. Assim, mais uma vez, as capacidades representacionais
demonstraram ser extremamente importantes para o desenvolvimento sócio-cognitivo das crianças ao
facilitar o acesso às suas memórias autobiográficas. Autobiographical memory consists of memories of past events relating to the individual, where self-related considerations, life objectives, personal meanings and emotions interlace and, in so doing, allow individuals to build up stories and life narratives (Nelson, 1993; Nelson & Fivush, 2004). The theory of mind as an important socio-cognitive milestone that arises in pre-school age reflects itself in the ability to assign mental states, such as thoughts, feelings, desires and beliefs, to oneself and others, and to explain and predict the behavior and thought of others based on these same mental states (Flavell, 1999; Lillard & Flavell, 1992). The theory of mind and the autobiographical memory in children emerge from a set of representational changes which make the former more able to understand and represent mental states and, thus, represent themselves as having experienced past events (Nelson, 1992). This study was conducted with 4 and 6-year-old children and, at first, consisted in assessing children's representational capacities through their performance on the diverse-desires task (Wellman & Woolley, 1990), the knowledge-access task (Pratt & Bryant, 1990), and the contents false-belief task (Wellman et al., 2001). Accessing and evaluating autobiographical memories were also objectives of this study and these memories were elicited through a semi-structured interview specifically built for this purpose. The number of autobiographical memories was counted for each child. Since literature states that representational capacities (as, for example, understanding of access to knowledge and understanding of false beliefs) are related to the research of episodic memories (autobiographical) in children (Perner & Ruffman, 1995; Perner et al., 2007; Povinelli et al., 1996), this study aimed to understand if the performance of children on the tasks of the theory of mind was associated with the number of autobiographical memories. Results showed that the performance of children on the knowledge-access task and the contents false-belief task was positively related to the number of autobiographical memories. This relationship can be mediated by the capabilities of representation of children, where the understanding of access to knowledge, by enabling the child to comprehend the link between access to knowledge and knowledge itself, facilitated the representation and access to knowledge about personal past events. The ability to reconcile two contradictory representations (understanding of false beliefs) allowed children to integrate past and current self-representations and, thus, be better able to represent themselves as experimenters of past events. The children's performance on the knowledge-access task and the false-belief task allowed to predict the number of autobiographical memories. So, once again, representational capacities have proven to be extremely important for the socio-cognitive development of children by facilitating access to their autobiographical memories. |
Tipo: | Dissertação de mestrado |
Descrição: | Dissertação de mestrado integrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia Clínica) |
URI: | https://hdl.handle.net/1822/18653 |
Acesso: | Acesso restrito UMinho |
Aparece nas coleções: | BUM - Dissertações de Mestrado |
Ficheiros deste registo:
Ficheiro | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
Andreia Cristina Rebelo da Silva.pdf Acesso restrito! | 546,46 kB | Adobe PDF | Ver/Abrir |