Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/387

TítuloPercepção do risco de exposição ocupacional ao ruído
Autor(es)Arezes, P.
Orientador(es)Miguel, Alberto Sérgio Sá Rodrigues
Palavras-chaveRuído
Exposição
Protecção auditiva
Percepção
Risco
Segurança
Data2002
Resumo(s)O estudo da relação entre o trabalho e a saúde implica uma correcta identificação dos factores ocupacionais em jogo, bem como das suas repercussões, positivas ou negativas, sobre os trabalhadores. Para tal, é indispensável a realização de estudos práticos incidindo sobre os contextos reais de trabalho, identificando nestes as principais condicionantes do risco ocupacional. Entre os vários factores de risco ocupacional tem particular importância a exposição a níveis de pressão sonora elevados, dada a sua frequência em ambientes industriais. A exposição ocupacional ao ruído tem sido bastante estudada ao longo dos anos constituindo, não obstante, uma das principais causas de doença profissional, a hipoacusia sonotraumática, a qual abrange, segundo dados oficiais, cerca de 25% dos trabalhadores com incapacidade. A exposição ao ruído tem inúmeras consequências, quer sobre o aparelho auditivo, cuja respectiva incapacidade está legalmente reconhecida, quer sobre outros aspectos da saúde do trabalhador, nomeadamente a nível psicológico. Pese embora o vasto conjunto de publicações sobre a exposição ocupacional ao ruído, a análise da percepção individual do trabalhador e as implicações desta sobre o seu comportamento, constitui ainda um tema pouco abordado. Pela observação das práticas reais de trabalho, verifica-se que os trabalhadores, mesmo desempenhando idênticas funções em locais comuns, têm concepções diferentes dos riscos a que estão expostos. No caso da exposição ocupacional ao ruído, essas discrepâncias são ainda mais evidentes. Assim, é frequente encontrarmos trabalhadores partilhando o mesmo posto de trabalho, contudo, divergindo sobre a forma como encaram o risco de exposição ao ruído, ou quando muito, a forma como pensam que este os afecta. Estas mesmas diferenças são notadas ao nível da utilização da protecção individual auditiva. Embora existam várias abordagens quanto à compreensão do fenómeno comportamental, no tocante à exposição ao ruído, estas carecem de análises quantitativas de factores centrais, tais como, os níveis de pressão sonora a que os trabalhadores estão expostos e as perdas auditivas que estes apresentam. O presente estudo – tendo incidido sobre uma amostra de 516 trabalhadores de empresas industriais, expostos a níveis de pressão sonora superiores ao nível de acção preconizado na legislação nacional (85 dB(A)) – pretende analisar a relação entre a percepção individual do risco e a utilização de protecção individual auditiva, bem como, entre a primeira e o desenvolvimento de perdas auditivas decorrentes da exposição ocupacional ao ruído. Para o efeito, foram desenvolvidos dois modelos conceptuais, com base na revisão bibliográfica efectuada. Tendo em vista a caracterização da exposição de cada trabalhador da amostra, foi efectuado um levantamento dos níveis de exposição pessoal diária. Considerando a revisão bibliográfica, foi desenvolvido um questionário para avaliação das variáveis de natureza essencialmente qualitativa, nomeadamente, a percepção individual do risco, a percepção dos efeitos do ruído, a expectativa/valorização dos resultados, a cultura de segurança e o comportamento de risco. Simultaneamente foi administrado um questionário com o objectivo de se caracterizar o tipo de exposição ocupacional ao ruído, bem como, a utilização da protecção individual auditiva. Para quantificação da variável referente às perdas auditivas foram utilizados os resultados dos testes audiométricos realizados aos trabalhadores no início do turno de trabalho. A análise estatística dos resultados obtidos, por utilização de técnicas estatísticas de análise multivariada (path analysis), sugere que a percepção individual do risco e outros factores com ela relacionados, constitui uma componente critica do comportamento dos trabalhadores. Por este motivo, a percepção do risco deverá ser tida em consideração no planeamento, desenvolvimento e implementação dos programas de conservação da audição, em especial no que diz respeito ao desenvolvimento de planos formativos. Relativamente ao desenvolvimento de perdas auditivas, verifica-se que, para além dos factores de risco bem conhecidos, tais como a idade, os níveis de pressão sonora e a duração da exposição, as variáveis cognitivas referentes à percepção individual do risco e da percepção dos efeitos associados à exposição têm também um efeito significativo sobre a variável em análise.
The study of the relationship between work and health implies an acute identification of all occupational factors involved, as well as the associated effects, either positive or negative, in workers. For this purpose, it is absolutely necessary to carry out practical studies in occupational environments so that the more important predictors of occupational risk can be identified. Within the multiple risk factors in occupational settings, noise exposure, because of its incidency in industrial environments, acquires particular importance. Occupational noise exposure has been extensively studied over the last years, however, it still represents one of the main causes of occupational disease, occupational hearing loss, which involves, according with official data, circa of 25% of all handicapped workers. Noise exposure has multiple effects, both in hearing, which is legally recognized, and in other workers health issues, such as, the noise exposure psychological effects. Although there is an abundance of literature on occupational noise exposure, the individual perception analysis and its implications on workers’ behaviour has been a minor research area. By observing workers’ practices it is possible to verify that workers, even doing the same activities and in the same workplaces, show different perceptions about the risks they are exposed to. In the case of noise exposure, such differences are even clearer. Thus, it is frequent to find workers sharing the same workplaces, however with divergent points of view concerning the risk of noise exposure, or at least, concerning noise exposure effects. Such differences have serious implications on workers’ behaviour, for example in the use of hearing protection devices. Although there are several approaches explaining workers’ behaviour in noise exposure, these rarely included some quantitative variables related to central factors in noise exposure, such as, noise exposure levels and the workers’ hearing loss. The present study – focusing on a sample of 516 industrial workers exposed to noise pressure levels greater than the Portuguese action level (85 dB(A)) - aims the analysis of the relationship between individual risk perception and the use of hearing protection devices, as well as, between the former and the development of permanent threshold shift. For this purpose, and considering the literature review, two different conceptual models were developed. With the purpose of noise exposure characterisation, a daily personal exposure level evaluation was done. Based on the literature review, a questionnaire was developed in order to evaluate the qualitative variables considered, namely, individual risk perception, perception of noise effects, expectancy on results and outcome value, safety culture and risk behaviour. Simultaneously, another questionnaire was applied with the aim of characterising the occupational noise exposure profiles, as well as the use of hearing protection devices. Workers’ permanent threshold shifts were measured through a pure tone audiometric testing at the beginning of each shift. The multivariate data analysis of the results obtained, through the application of path analysis, has shown that individual risk perception and other associated factors, are important predictors of workers’ behaviour, such as the use of hearing protection. Furthermore, these results do suggest that risk perception should be considered in the design and implementation of any Hearing Conservation Program, namely, in the development of training programs. Regarding the conceptual model about the development of permanent threshold shifts, it is possible to verify that, beyond others well known risk factors, such as age and noise exposure levels, cognitive variables, related to individual risk perception and perception of noise effects, play a significant role to a better understanding of the study variable.
L’étude de la relation entre le travail et la santé implique une correcte identification des facteurs occupationnels, tout comme ses répercutions, positives ou négatives, sur les travailleurs. Pour cela, la réalisation d’études pratiques sur les contextes réels de travail est indispensable, et à partir de ces études, identifier les principaux conditionnements du risque occupationnel. Parmi les plusieurs facteurs de risques occupationnels, l’exposition à des niveaux de pression sonore plus élevés est très importante, du a sa fréquence dans les ambiances industrielles. L’exposition occupationnelle au bruit à été longuement étudié au fil des années, et constitue une des principales causes de maladies professionnelles, la hipoacousie sonotraumatique, qui selon les donnés officielles touche 25% des travailleurs incapacités. L’exposition au bruit a plusieurs conséquences, que se soit sur l’appareille auditif, dont l’incapacité est légalement reconnue ou que se soit sur les autres aspects de la santé du travailleur, comme par exemple au niveau psychologique. Malgré le grand nombre de publications sur l’exposition occupationnelle au bruit, l’analyse de la perception individuelle du travailleur et ses implications sur son comportement, constitue un thème encore peu étudié. Par l’observation des situations réelles de travail, on peut vérifier que les travailleurs, ont des conceptions différentes des risques auxquelles ils sont soumis, malgré les mêmes activités réalisées dans des locaux communs. Pour l’exposition occupationnelle au bruit, ces différences sont encore plus évidentes. Il est souvent habituel de voir les travailleurs qui partagent le même poste de travail penser de manière différente sur les risques auxquelles ils sont soumis. Ces mêmes différences sont remarquées au niveau de l’utilisation de la protection individuelle de l’ouïe. Malgré existent plusieurs abordages par rapport à la compréhension du phénomène comportemental de l’exposition au bruit, celles-ci nécessitent de plus d’analyses quantitatives de facteurs centrales, comme les niveaux de pression sonore auxquelles les travailleurs sont soumis et les pertes auditives qu’elles représentent. Cette étude – qui porte sur un échantillon de 516 travailleurs d’entreprises industrielles soumis à une exposition sonore quotidienne supérieure au niveau d’action prévu dans la législation nationale (85 dB(A)) – prétend analyser la relation entre la perception individuelle du risque et l’utilisation de la protection individuelle de l’ouïe, tout comme la première et le développement des pertes auditives dut à l’exposition occupationnelle au bruit. Pour cela, deux modèles conceptuels ont étés développés sur base de la révision bibliographique effectuée. Compte tenu de la caractérisation de l’exposition du travailleur, un recueil des niveaux d’expositions personnelles quotidiens, a été effectuée. En considérant la révision bibliographique, un questionnaire a été développé afin d’analyser les variables qualitatives, comme par exemple la perception individuelle du risque, la perception des effets du bruit, l’expectative/valorisation des résultats, la culture de sécurité et le comportement de risque. En même temps, un questionnaire a été donné avec l’objectif de décrire le type d’exposition occupationnelle au bruit, tout comme l’utilisation de la protection individuelle de l’ouïe. Pour la quantification de la variable des pertes auditives, les résultats des testes audiométriques réalisés par les travailleurs ont été utilisés. L’analyse statistique des résultats obtenus par l’utilisation de techniques statistiques de l’analyse multivariée (path analysis), suggère que la perception individuelle du risque et les facteurs qui lui sont liés, constitue un facteur critique du comportement des travailleurs. C’est pour cette raison, que la perception du risque devra être retenue pour le planning, le développement et l’implémentation des programmes de conservation de l’audition, et en particulier au développement des plans de formation. Concernant le développement des pertes auditives, on peut constater que, sans oublier les facteurs de risques bien connus, comme l’âge, les niveaux de pression sonore et la durée de l’exposition, les variables liées à la perception individuelle du risque et de la perception des effets associés à l’exposition ont un effet significatif sur la variable en analyse.
TipoTese de doutoramento
URIhttps://hdl.handle.net/1822/387
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
DPS - Teses de Doutoramento

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