Avaliação da autenticidade em empresa alimentar, no setor das carnes, no âmbito da BRC e IFS

Abstract

A fraude alimentar não é um problema recente, uma vez que já é praticada há milhares de anos. As suas motivações são obter maiores ganhos económicos, através da adulteração e substituição por substâncias não autênticas e mais acessíveis. Trata-se de um crime que compensa, uma vez que as sanções aplicadas são inferiores aos ganhos obtidos pelas práticas fraudulentas. O caso de fraude mais recente no setor das carnes aconteceu este ano no Brasil com o caso da “Carne Fraca”, contudo, foi o caso de fraude com carne de cavalo (em 2013) o ponto de partida para a inclusão de requisitos específicos para combater este problema nas normas internacionais. O objetivo do trabalho passou por avaliar a autenticidade das matérias-primas adquiridas e a sua suscetibilidade à fraude alimentar, de acordo com os referenciais normativos BRC Food e IFS Food, sendo que a empresa encontra-se certificada pela primeira norma. A metodologia desenvolvida passou por tentar determinar a probabilidade de ocorrência da fraude alimentar e a probabilidade de deteção na empresa. Para tal recorreu-se a parâmetros como o histórico de incidentes, país de origem, disponibilidade da matéria-prima, existência de substitutos/adulterantes, preço, forma física do material, certificação dos fornecedores, testes de qualidade empregues, forma de embalamento e o comprimento da cadeia de fornecimento. Após a análise destes critérios utilizouse uma matriz de risco para determinar a suscetibilidade à fraude e implementar medidas de mitigação para reduzir a probabilidade de aquisição de matérias-primas não autênticas ou fraudulentas. Os resultados obtidos demonstraram que os produtos com alegações, como o Pão Ralado Biológico e os produtos à base de soja não transgénica são mais suscetíveis à fraude, assim como os ingredientes mais dispendiosos. No caso da carne, apenas as peças desmanchadas mais dispendiosas, o trimming e a carne de ovino é que necessitam de implementação de medidas adicionais. Estas passam por auditorias a fornecedores, testes de rastreabilidade, testes de DNA, entre outras.

Food fraud is not a recent problem, as it has been practiced for thousands of years. The motivations are to obtain greater economic gains, through adulteration and substitution by nonauthentic and less expensive substances. This is a crime that compensates, because the penalties applied are less than the gains obtained by fraudulent practices. The most recent case of fraud in the meat sector happened this year in Brazil with the case of "Carne Fraca", however, it was the horse meat scandal, in 2013, that was the start point for food fraud to be incorporated into international standards. The focus of this study was to evaluate the authenticity of raw materials purchased and their susceptibility to food fraud, in accordance with the international standards BRC Food and IFS Food, being the company certified for the first standard. The methodology developed tried to determine the probability of occurrence of food fraud and the probability of detection in the company. Parameters such as incident history, country of origin, availability of raw material, existence of substitutes / adulterants, price, physical form of the material, supplier certification, quality tests employed, type of packaging and length of the supply chain were used in this study. After analyzing these criteria, a risk matrix was used to determine susceptibility to fraud and to implement mitigation measures to reduce the probability of acquisition of non-authentic or fraudulent raw materials. The results showed that products with claims such as Organic Grated Bread and nontransgenic soybeans products are more susceptible to fraud, as are the more expensive ingredients. In the case of meat, only the most expensive cut pieces, trimming and sheep meat require additional measures. These include providers audits, traceability tests, DNA testing, and others.