Comportamento alimentar restritivo - evitante: relação com variáveis psicológicas, individuais e familiares da criança

Abstract

Este estudo apresentou como objetivos (1) estimar a frequência e caracterizar as crianças com um possível diagnóstico de Perturbação de Ingestão Alimentar Restritiva/Evitante (ARFID), ao nível da sintomatologia clínica, características sociodemográficas e do bem-estar psicológico; (2) comparar crianças com e sem comportamentos alimentares restritivo/evitantes ao nível das variáveis sociodemográficas, bem-estar, stress presente na interação pais-filhos, e práticas de controlo parental sobre a alimentação da criança. Cento e quarenta duas crianças/adolescentes (52,1% rapazes), com idades compreendidas entre os 6 e os 16, acompanhadas na Consulta de Gastroenterologia e Nutrição Pediátrica do Hospital de Braga, e os seus cuidadores responderam aos questionários. Foram identificadas 6 crianças (50% rapazes) com um possível diagnóstico de ARFID, tendo como possível variante a alimentação seletiva. Todas apresentaram um percentil de peso normal e quatro apresentaram interferência no funcionamento psicossocial. As crianças com um possível diagnóstico de ARFID apresentaram um percentil de peso inferior às restantes. Os cuidadores percecionaram o peso da sua criança como mais baixo e apresentaram menos preocupação com o facto de o filho ter excesso de peso/obesidade futuramente. Demonstraram, também, maiores níveis de pressão para a criança comer, depressão e problemas conjugais comparativamente às restantes. Quanto ao bem-estar psicológico, não foram identificadas diferenças.

This study aimed (1) evaluate the frequency and characterize the children with a possible diagnosis of Avoidant/Restrictive Food Intake Disorder (ARFID), at the level of clinic symptomatology, well-being and sociodemographic variables; (2) understand the differences between children with and without avoidant/restrictive eating behavior at the level of sociodemographic variables, of well-being, of stress in parent-child relationship and of parental control practices on child feeding. One hundred and forty two children and adolescents (51,2% males), aged between 6 and 16 years old, who are being followed in Pediatric Nutricion and Gastroenterology Consultation of the Braga Hospital, and their caregivers completed the questionnaires. Six cases (50% males) were identified with a possible diagnosis of ARFID, presented as variant the selective eating. All participants presented a normal weight percentile and four presented interference in psychosocial functioning. Children with a possible diagnosis of ARFID presented a weight percentile lower than others. And their parents perceived the weight of their child as lower and presented less concern about your child being overweight/obese in the future. Also, demonstrated more levels of pressure for their child to eat, depression and marital conflicts compared to the others. About psychological well-being, no differences were found.