Orações subordinadas adverbiais finais : aspectos sintáticos
Resumo
Resumo: Este estudo tem por objetivo contribuir para uma descrição mais ampla das orações adverbiais finais no português brasileiro, visto que os estudos gramaticais tradicionais não fornecem uma descrição abrangente dessas orações, e que estudos linguísticos sobre essas orações são pouco numerosos. Além de apresentar as pesquisas sobre as orações finais do português, discutimos também outras questões relativas a essas orações a partir de descrições para as orações finais do inglês (WHELPTON, 1995), do polonês (JÇDRZEJOWSKI, 2018) e do alemão (J^DRZEJOWSKI, 2019). A descrição que propomos se concentra essencialmente em aspectos sintáticos das subordinadas adverbiais finais infinitivas. Apresentamos inicialmente as diversas orações iniciadas pelo conector para seguido de verbo no infinitivo com o objetivo de diferenciar as orações finais de outras orações infinitivas iniciadas por esse conector, como completivas, relativas, concessivas, consecutivas e condicionais. Um caso mais específico, ainda não estudado no português, nos chamou a atenção e também foi descrito nesta dissertação: as orações mirativas, assumindo a nomenclatura proposta por Jçdrzejowski (2019), que têm a forma típica das orações finais infinitivas, mas não possuem a mesma leitura típica de finalidade, transmitindo, sobretudo, um sentido de surpresa. Esse tipo de oração foi observado por Whelpton (1995) em inglês e por Jçdrzejowski (2018; 2019) em alemão e em polonês. Verificamos a partir de alguns estudos (NEVES, 2011; LOBO, 2003, 2013) que as orações finais não apenas denotam a finalidade do evento expresso na oração matriz, mas também podem modificar o ato de fala. Essas orações são denominadas orações finais de enunciação. A partir de Lobo (2003), realizamos alguns testes para diferenciar sintaticamente as orações finais de evento das orações finais de enunciação, o que nos permitiu concluir que as primeiras podem ser classificadas como integradas, adjuntas ao VP, e as últimas, como periféricas, adjuntas a uma posição acima de TP. Finalmente, realizamos uma distinção interpretativa e estrutural das típicas orações finais em oposição às orações finais de enunciação e orações mirativas. Concluímos que há semelhanças na sintaxe das orações finais e mirativas, no sentido de que ambas seriam adjungidas no interior de TP. Palavras-chave: Subordinação. Oração Final. Oração Mirativa. Abstract: This study aims to contribute to a broader description of the final clauses in Brazilian Portuguese, since traditional grammatical studies do not provide a comprehensive description of these clauses, and the linguistic studies on these clauses are few. Beside presenting researches on the final clauses of Portuguese, we also discussed other issues related to these clauses from descriptions for the final clauses of English (WHELPTON, 1995), Polish (J^DRZEJOWSKI, 2018) and German (J^DRZEJOWSKI, 2019). The description we propose focuses essentially on syntactic aspects of the final adverbial infinitive clauses. We initially presented the various clauses initiated by the connector para followed by an infinitive verb in order to differentiate the final clauses from other infinitive clauses initiated by this connector, as completive, relative, concessive, consecutive and conditional. A more specific case, not yet studied in Portuguese, caught our attention and was also described in this dissertation: the mirative clauses, assuming the nomenclature proposed by J^drzejowski (2019), which have the typical form of the infinitive final clauses, but do not have the same typical reading of purpose, transmitting, above all, a sense of surprise. This type of sentence was observed by Whelpton (1995) in English and by J^drzejowski (2018; 2019) in German and Polish. We verified from some studies (NEVES, 2011; LOBO, 2002, 2013) that the final clauses not only denote the purpose of the event expressed in the matrix sentence, but can also modify the speech act. These sentences are called enunciation final clauses. Starting with Lobo (2003), we performed some tests to syntactically differentiate the event final clauses from the enunciation final clause, which allowed us to conclude that the first one can be classified as integrated, adjunct to the VP, and the last one as peripheral, attached to a position above TP. Finally, we made an interpretive and structural distinction from typical final clauses as opposed to enunciation clauses and mirative clauses. We concluded that there are similarities in the syntax of the final and mirative clauses, in the sense that both would be added within TP. Keywords: Subordination. Final clauses. Mirative clause
Collections
- Dissertações [358]