A vitimação do asistente scial e o cntexto de retração dos apoios das políticas sociais

Abstract

Neste trabalho tratamos o tema da vitimação dos profissionais de Serviço Social, questionando acerca do possível impacte que o cenário recente de retração do financiamento de algumas das políticas sociais diretamente relacionadas com o trabalho destes profissionais pode ter num possível agravamento dos episódios de violência, pontualmente reportados nos meios de comunicação social. O presente estudo baseia-se num inquérito realizado junto de uma amostra de 330 Assistentes Sociais, distribuídos pelo território nacional, acerca das suas experiências com episódios de violência perpetrada por utentes. 20% dos inquiridos assinalaram ter sido vítimas de agressão física e 69% de agressão verbal. Os locais mais propensos a tais ocorrências são o local de trabalho e o domicílio do utente. Malgrado o estudo aponte a existência de agressões em todos os setores de intervenção, fica-se a saber que o risco é mais elevado para profissionais que exercem funções em instituições vocacionadas para o combate e tratamento às dependências e nas áreas da justiça e reinserção social, do que para aqueles que trabalham por exemplo em instituições de apoio à terceira idade. A partir de um quadro conceptual que teve como pano de fundo a deterioração das condições de trabalho produzida pelas mudanças nas políticas sociais, verificamos que a esmagadora maioria dos inquiridos é da opinião que essas alterações dos apoios sociais, nestes últimos 5 anos, aumentaram o risco de vitimação e a insegurança na profissão em geral. Em termos gerais, as opiniões recolhidas indiciam que esta profissão é muito similar a outras consideradas tradicionalmente de risco. Enfim, o estudo mostra ainda que existem distintos pontos de vista sobre as causas desta violência: uns profissionais centram o problema totalmente no lado dos utentes; outros veem na atitude profissional a causa; e, há ainda aqueles que, à margem desta visão dicotómica, colocam as causas do problema nos dois lados (profissional e utente) e adicionam-lhes a esfera político-organizacional.

In this study we deal with the issue of the victimization of social work professionals, questioning about the possible impact that the recent scenario of retraction of the financing of some social policies directly related to the work of these professionals may have at the possible worsening of the episodes of violence, occasionally reported in the media. This study is based on a survey, with a sample of 330 social workers, distributed throughout the country, about their experiences with episodes of violence by clients. 20% of respondents state that they have been victims of physical aggression and 69% of verbal aggression. The most likely places to such occurrences are the workplace and the client's home. Although the study indicates the existence of aggressions in all policy areas, we conclude that the risk is higher for professionals serving on institutions that fight and treat addictions and in justice and social reintegration areas, than for those who work, for example, in elderly care institutions. From a conceptual framework that had the background of the deterioration of working conditions produced by changes in social policies, we found that the vast majority of respondents are of the opinion that these changes, in the last five years, increased the victimization risk and insecurity in the profession in general. In general, the opinions collected indicate that this profession is very similar to other traditionally considered as hazardous jobs. Finally, the study also shows that there are different views on the causes of violence: some professionals focus the problem totally on the client side; others see the professional's attitude as the cause; and there are those who, on the sidelines of this dichotomous view, place the causes of the problem on both sides (professional and client) and add them to the political and organizational level.