Orientador: Raul Reis Amorim

Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências

Resumo: O diário de aula é um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional pelo qual é possível narrar o vivido e materializá-lo a fim de mobilizar reflexão para a prática docente. Esta pesquisa é escrita narrada em primeira pessoa, fundamentando-se em Clandinin e Connelly (2015) e Bolivar...

Resumo: O diário de aula é um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional pelo qual é possível narrar o vivido e materializá-lo a fim de mobilizar reflexão para a prática docente. Esta pesquisa é escrita narrada em primeira pessoa, fundamentando-se em Clandinin e Connelly (2015) e Bolivar (2002) cujo objetivo é refletir sobre a prática, ampliar minha compreensão sobre ela e pesquisar qual conhecimento fora produzido ao longo do processo de escrita e produção da tese. Pesquisar e escrever sobre a minha própria prática, a partir das reflexões que realizo nos diários de aula, confere a essa pesquisa, o cunho de narrativa (auto)biográfica, pois como assinala Delory-Momberger (2012), exploro os processos de gênese no seio do espaço social em que convivo, no qual busco atribuir formas às minhas experiências em sala de aula. Para a realização dessa pesquisa (auto)biográfica, foi necessário realizar metodologicamente um trabalho biográfico ou o processo de biografização que, segundo Passeggi (2016a), significa um processo permanente de aprendizagem e de constituição sócio-histórica do narrador. A busca por refletir sobre a minha prática, a minha identidade, além de estar em contínuo processo de invenção e formação, proporcionou-me a reflexividade (auto)biográfica pela minha permanente biografização - momento em que volto para mim com meus diários e em diálogo com os diários dos meus estudantes a fim de compreender como me sinto: as minhas angústias e frustrações ao tentar narrar a experiência vivida. A metodologia utilizada nos diários, que permitiu reflexão sobre a prática, foi dividida em três momentos os quais denominei de ‘afloramento, denudação e sedimentação’. Esse processo foi fundamental para o movimento de reflexão e a reflexão partilhada - o diálogo das minhas narrativas com os diários escritos pelas três turmas de estudantes dos sextos anos dos anos finais do Fundamental II de duas escolas distintas: a Rubi e a Esmeralda. Os escritos deles potencializaram o movimento de reflexão produzido ao longo da pesquisa. As narrativas dos alunos eram realizadas a partir de atividades de geografia físico natural com intuito de incitá-los à reflexão e favorecer uma escrita que possibilitasse um excedente de visão dos estudantes Bakhtin (2011). Os diários foram interpretados à luz dos aportes bakhtinianos: quando me voltava para minha vida, em um movimento de reconhecimento (eu-para-mim), quando saia de mim e me aproximava dos estudantes - das suas vozes e palavras que se fundiam a minha e atribuíam sentidos às atividades realizadas - (outro-para-mim) e quando me via pelo excedente de visão que me mostravam proporcionando um maior conhecimento sobre mim (eu-para-outros)

Abstract: The class diary is a research and professional development instrument through which it is possible to narrate what was experienced and materialize it in order to mobilize reflection for teaching practice. This research is written narrated in the first person, based on Clandinin and...

Abstract: The class diary is a research and professional development instrument through which it is possible to narrate what was experienced and materialize it in order to mobilize reflection for teaching practice. This research is written narrated in the first person, based on Clandinin and Connelly (2015) and Bolivar (2002) whose objective is to reflect on the practice, broaden my understanding of it and research what knowledge was produced throughout the writing process and thesis production. Researching and writing about my own practice, based on the reflections I carry out in class diaries, gives this research the character of an (auto)biographical narrative, since, as Delory-Momberger (2012) points out, I explore the processes of genesis in the within the social space in which I live, in which I seek to give forms to my experiences in the classroom. In order to carry out this (auto)biographical research, it was necessary to methodologically carry out a biographical work or the process of biographization which, according to Passeggi (2016a), means a permanent process of learning and socio?historical constitution of the narrator. The quest to reflect on my practice, my identity, in addition to being in a continuous process of invention and formation, provided me with (auto)biographical reflexivity through my permanent biographization - a moment in which I return to myself with my diaries and in dialogue with my students' diaries in order to understand how I feel: my anxieties and frustrations when trying to narrate the lived experience. The methodology used in the diaries that allowed reflection on the practice was divided into three moments which I called 'outcrop, denudation and sedimentation. This process was fundamental for the movement of reflection and shared reflection - the dialogue between my narratives and the diaries written by the three groups of students in the sixth years of the final years of Elementary II from two different schools: Rubi and Esmeralda. Their writings potentiated the movement of reflection produced throughout the research. The students' narratives were carried out based on natural physical geography activities with the aim of inciting them to reflection and favoring a writing that would allow students to have an excess of vision Bakhtin (2011). The diaries were interpreted in the light of Bakhtinian contributions: when I returned to my life, in a movement of recognition (I-to-myself), when I left myself and approached the students - their voices and words that merged with mine and attributed meanings to the activities carried out - (other-to-me) and when I saw myself through the surplus of vision that they showed me, providing greater knowledge about myself (me-to-others)