Orientador: Ricardo Figueiredo Pirola

Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Resumo: Velho conhecido dos estudiosos do Oitocentos brasileiro, Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, visconde de Jequitinhonha (1794-1870), constitui personagem ainda pouquíssimo explorado pela historiografia. Baiano nascido livre e marcado pelos sinais da ancestralidade africana, ele transitou com...

Resumo: Velho conhecido dos estudiosos do Oitocentos brasileiro, Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, visconde de Jequitinhonha (1794-1870), constitui personagem ainda pouquíssimo explorado pela historiografia. Baiano nascido livre e marcado pelos sinais da ancestralidade africana, ele transitou com grande fôlego por entre os mundos da política e das letras dos tempos do Império. Neles, fez fortuna. E destacou-se no interior de esferas tradicionalmente ocupadas por sujeitos que, muitas vezes, se não socialmente qualificados como brancos, ao menos pareciam se querer reconhecidos como tais. Carregando consigo uma forte aposta no biográfico, este trabalho se propõe a perseguir os passos do visconde para destrinchar e discutir, por meio deles, alguns dos diferentes mecanismos, possibilidades e limites de inserção e de mobilidade social que balizaram, em âmbitos e espaços públicos e privados, a construção de identidades, relações e hierarquias no Brasil do século XIX. Dentro dessa chave, a tese defendida, aqui, é a de que as transformações e a lenta corrosão do regime escravista estimularam um progressivo enrijecimento de fronteiras sociais delineadas a partir de atributos como a origem, a cor e a condição de cada um

Abstract: A very well-known figure to scholars dedicated to the nineteenth century Brazil, Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, Viscount of Jequitinhonha (1794-1870), is a character yet to be properly explored by historiography. Born as a free man in Bahia, northeast region of Brazil, Viscount of...

Abstract: A very well-known figure to scholars dedicated to the nineteenth century Brazil, Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, Viscount of Jequitinhonha (1794-1870), is a character yet to be properly explored by historiography. Born as a free man in Bahia, northeast region of Brazil, Viscount of Jequitinhonha was marked by the signs of African ancestry, and transited ably between the worlds of politics and letters in Imperial times. In them, he made his fortune, and stood out in spheres traditionally occupied by subjects who, often, if not socially qualified as white, at least seemed to want to be recognized as such. Carrying a strong commitment to the biographical, this work proposes the pursuit of the Viscount’s steps to unravel and discuss, through them, some of the different mechanisms, possibilities and limits of insertion and social mobility that marked, both in public and private spheres, the construction of identities, relationships and hierarchies in nineteenth-century Brazil. The thesis hereby defended is that the transformations and slow erosion of the slave regime stimulated a progressive hardening of social boundaries delineated from attributes of each individual, such as origin, color and legal condition