Orientador: Renato José Pinto Ortiz

Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Resumo: A tese tem como principal objetivo a análise sobre as experiências de exílio de Mario Pedrosa nos Estados Unidos (1938-1945) e os impactos de tais experiências em suas práticas e posições. Foi privilegiada ao longo da análise a observação das formas de sua participação em um campo de...

Resumo: A tese tem como principal objetivo a análise sobre as experiências de exílio de Mario Pedrosa nos Estados Unidos (1938-1945) e os impactos de tais experiências em suas práticas e posições. Foi privilegiada ao longo da análise a observação das formas de sua participação em um campo de disputas estabelecido pela imprensa radical nova-iorquina, que tinha como principal elemento em disputa as formas e o sentido do radicalismo cultural. Nos EUA, desde as primeiras décadas do século XX, radicalismo político e modernismo cultural acabam por se entrelaçar como uma possibilidade de superação da tradição anglo-saxã. Foi no Greenwich Village, a partir de intelectuais boêmios estabelecidos em torno de revistas como The Masses e Seven Arts, que as primeiras manifestações de um modernismo radical tomam forma, enfatizando sobretudo a liberdade individual e a necessidade de superação da moral tradicional. Ao longo dos anos 1930, tais disputas ganham novos contornos a partir da crise de 1929 e da Grande Depressão, que ocasionou o surgimento de novos grupos radicais e de novas revistas, como a New Masses, Modern Quarterly e Partisan Review. Ao chegar a Nova Iorque, Pedrosa se insere em tais debates em razão de seu pertencimento aos quadros da recém-estabelecida IV Internacional. A proximidade entre trotskistas e radicais independentes em razão da crítica comum ao stalinismo provocou não apenas novas alianças e rupturas entre intelectuais e militantes, mas também novas possibilidades discursivas de entrelaçamento entre arte moderna e política radical. Com o fim da 2ª Guerra Mundial e o diagnóstico compartilhado de crise da cultura e da civilização, surgem em Nova Iorque novos movimentos ligados aos New York Intellectuals, que ressaltam um radicalismo com ênfase na autonomia e na auto alienação, o que permeia não apenas os discursos de intelectuais como Dwight Macdonald e outros participantes de sua revista, Politics, mas movimentos como o expressionismo abstrato, vinculado à imprensa radical sobretudo por críticos como Clement Greenberg e Harold Rosenberg. É a partir da relação entre Mario Pedrosa, intelectual e militante político formado sob condições únicas no contexto brasileiro, e a ressignificação por ele mobilizada das novas possibilidades de entrelaçamento entre arte e política estabelecidas em Nova Iorque, que se buscou compreender sua "conversão" ao modernismo abstracionista de caráter concreto e sua defesa de um socialismo democrático, ambos constituídos a partir do novo sentido de radicalismo estabelecido após sua experiência de exílio

Abstract: The main objective of the thesis is to analyze Mario Pedrosa's exile in the United States (1938-1945) and the influences of such experiences on his practices and positions. Throughout the analysis, the research emphasizes the observation of the New York radical press as a field whose main...

Abstract: The main objective of the thesis is to analyze Mario Pedrosa's exile in the United States (1938-1945) and the influences of such experiences on his practices and positions. Throughout the analysis, the research emphasizes the observation of the New York radical press as a field whose main element in dispute and debate was the forms and the meaning of cultural radicalism. In the early twentieth century United States, political radicalism and cultural modernism have become entwined as a possibility of overcoming the Anglo-Saxon tradition. The bohemia in Greenwich Village and magazines such as The Masses and Seven Arts were the first manifestations of a radical modernism, whose main purpose was the overcome traditional morals and the defense of the individual freedom. Throughout the 1930s, such disputes gained new contours during the Great Depression with the emergence of new radical groups and new magazines such as New Masses, Modern Quarterly and Partisan Review. As a member of the newly established Fourth International, Pedrosa was involved in such debates since his arrival in New York. The proximity between Trotskyists and independent radicals due to the shared criticism on Stalinism has incited not only new alliances and ruptures between intellectuals and militants, but also new discursive possibilities of interweaving modern art and radical politics. With the end of World War II and the shared diagnosis of crisis of culture and civilization, new movements in the New York Intellectuals emerge, highlighting a radicalism with an emphasis on autonomy and self-alienation. Dwight Macdonald and his magazine, Politics, were exemples of this kind of discourses, also existing in movements such as Abstract Expressionism and in art critics linked to the radical press such as Clement Greenberg and Harold Rosenberg. If it is possible to claim about a "conversion" of Mario Pedrosa to a new kind political and intellectual activism after his exile, this phenomena should be understood by the unique formation of Mario Pedrosa as an intellectual and militant and the new space of possibilities about art and politics found by him during his exile. Pedrosa¿s engagement in "concrete" abstract art and in democratic socialist are both the result of a new sense of radicalism conceived after his exile experiences

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