Agenda dos media e agenda dos partidos políticos – qual a relação? Estudo de caso das eleições legislativas de 2019 em Portugal

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo principal perceber a relação de influência recíproca que existe entre os meios de comunicação e os partidos políticos em Portugal, na definição das respetivas agendas. Em particular, este trabalho visa perceber até que ponto os meios de comunicação conseguem influenciar os partidos a adotar para a sua agenda um tema que já esteja previamente na agenda noticiosa, e vice-versa. Esta dissertação insere-se na área de estudos de comunicação política, e dos efeitos dos media, e utiliza duas teorias principais: o agenda-setting, que estuda o poder dos media em definirem os temas prioritários de uma determinada agenda (aqui será analisada apenas a agenda política) e o agenda-building, que procura analisar quem constrói ou consegue influenciar a agenda noticiosa, o que implica um papel ativo dos partidos como um interveniente essencial. O estudo da dinâmica da relação media-partidos em Portugal baseia-se na análise das notícias de quatro meios de comunicação (Público, Observador, RTP e SIC), e dos comunicados de imprensa e publicações no Twitter de seis partidos políticos (CDU, BE, PAN, PS, PSD e CDS). Considera-se a pré-campanha e campanha oficial das eleições legislativas de 2019, recolhendo e analisando mais de 1500 comunicações ao longo de um período de 34 dias. Os principais resultados mostram que os meios de comunicação reagiram mais, ou seja, que os partidos tiveram mais influência sobre a outra parte. No entanto, este resultado poderá ser explicado pelas diferenças no número de comunicações recolhidas de cada um dos atores. O PS foi o partido que mais conseguiu influenciar os media, e o PSD foi o que mais reagiu. Já o PAN foi o partido que influenciou menos e que reagiu menos. Por outro lado, os jornais conseguiram influenciar mais os partidos do que as televisões.

This work aims to understand the reciprocal influence relationship between the media and political parties in Portugal, in the definition of their respective agendas. In particular, the objective is to understand the extent to which the media can influence parties to adopt a topic that is already on the news agenda for their agenda, and vice versa. This dissertation is part of the area of political communication and media effects studies and uses two main theories: the agenda-setting, which studies the power of the media in defining the priority themes of a given agenda (only analysed here the political agenda) and the agenda-building, which seeks to analyse who builds or manages to influence the news agenda, which implies an active role of the parties as an essential player. The study of the dynamics of the media-parties relationship in Portugal is based on the analysis of news from four media (Público, Observador, RTP and SIC), and from press releases and Twitter publications from six political parties (CDU, BE, PAN, PS, PSD and CDS). It is considered the pre-campaign and official campaign for the 2019 legislative elections, collecting, and analysing more than 1500 communications over a period of 34 days. The main results show that the media reacted more, that is, that the parties had more influence over the other party. However, this result can be explained by the differences in the number of communications collected from each of the actors. PS was the party that most managed to influence the media, and PSD was the one that reacted the most. PAN, on the contrary, was the party that influenced the least and reacted the least. On the other hand, newspapers managed to influence parties more than television.