Capital psicológico, valores e satisfação no trabalho : diferenças e correlações em trabalhadores portugueses

Abstract

Throughout this paper, we intend to contribute to the development of knowledge about how people-centered factors and organizational factors influence (or not) levels of job satisfaction, and whether there are differences in these factors - namely in the psychological capital and in the perception of organizational values, due to sociodemographic variables. In this way, three variables - psychological capital, organizational values and work satisfaction - were analyzed resorting to three evaluation tools (PsyCap, Organizational Values􀂶􀀃Scale and Occupational Satisfaction Scale, respectively). The exploratory empirical study was carried out on a sample of Portuguese workers, from both the public and private sectors. The three variables in the study were characterized and the relationships between psychological capital, organizational values and work satisfaction in the generality of the sample were explored. The existence of differences in the three variables according to a set of sociodemographic factors was also explored. Finally, the predictive value of psychological capital and organizational values on satisfaction with work was studied. The results showed that the highest dimensions correspond to the "Self-efficacy" and "Hope" (of psychological capital) "Efficacy / Efficiency", "Work Interaction" and "Innovation" (organizational values), "Satisfaction with the nature of work" and "Satisfaction with management" (satisfaction with work). Differences were found in the three variables according to sociodemographic characteristics, namely, gender, academic qualifications and position in the organization (leader vs. collaborator). There was also a relationship between psychological capital and job satisfaction. Finally, it was concluded that the psychological capital is a predictor of job satisfaction. By way of conclusion, psychological capital does seem to have an impact on the satisfaction with work among members of an organization, as the later is perceived as more positive environment. Also, organizational values (although with less impact) are important in promoting job satisfaction. Both dimensions favor the possibility of a personal development of workers, fostering their ambition, goals, selfknowledge and the overcoming of challenges, whilst favoring the organization in the pursuit of its objectives and performance.

Ao longo deste trabalho pretende-se contribuir para o desenvolvimento de conhecimento sobre o modo como fatores centrados nas pessoas e fatores centrados nas organizações influenciam (ou não) os níveis de satisfação no trabalho, e se existem diferenças nesses fatores – nomeadamente no capital psicológico e na perceção de valores organizacionais, em função de variáveis sociodemográficas. Deste modo, foram analisadas três variáveis – capital psicológico, valores organizacionais e satisfação com o trabalho – através de três instrumentos de avaliação (PsyCap, Escala de Valores Organizacionais e, Escala de Satisfação no Trabalho, respetivamente). O estudo empírico exploratório foi realizado numa amostra de trabalhadores portugueses, tanto do setor público como privado. Foram caracterizadas as três variáveis em estudo, sendo exploradas as relações entre o capital psicológico, os valores organizacionais e a satisfação com o trabalho na generalidade da amostra. Foi também explorada a existência de diferenças ao nível das três variáveis em função de um conjunto de fatores sociodemográficos. Por último, foi estudado o efeito preditor do capital psicológico e valores organizacionais relativamente à satisfação com o trabalho. Os resultados demonstraram que as dimensões mais elevadas correspondem à “Autoeficácia” e “Esperança” (de capital psicológico) “Eficácia/Eficiência”, “Interação no Trabalho” e “Inovação” (de valores organizacionais) e, “Satisfação com os colegas”, “Satisfação com a natureza do trabalho” e “Satisfação com a chefia” (satisfação com o trabalho). Foram encontradas diferenças nas três variáveis em função de características sociodemográficas, nomeadamente ao nível do sexo, habilitações académicas e posição na organização (líder vs colaborador). Também se verificou a existência de uma relação entre o capital psicológico e a satisfação no trabalho. Por último, concluiu-se que o capital psicológico ajuda a predizer a satisfação com o trabalho. Em jeito de conclusão, o capital psicológico parece ter um impacto na satisfação com o trabalho dos membros da organização, tornando-o um meio mais positivo. Também os valores organizacionais (ainda que com menor impacto) revelam-se importantes na promoção de mais satisfação no trabalho. Ambas as dimensões favorecem a possibilidade de um desenvolvimento pessoal dos trabalhadores, fomentando ambições, metas, autoconhecimento e superação de desafios, como também, favorecem a organização na execução dos seus objetivos e desempenho.