Desafios e boas práticas na ação humanitária e de emergência em Portugal

Abstract

Com dezenas de graves crises humanitárias distintas, o mundo depara-se na necessidade de desenvolver a área da Ação Humanitária e de Emergência (AHE), através de práticas que vão de encontro às necessidades das populações vulneráveis. Assim, a presente investigação visa explorar as perspetivas de profissionais de AHE acerca dos desafios e boas práticas desse tipo de intervenção, em Portugal. Os participantes foram seis profissionais de AHE, selecionados através de um processo de amostragem não probabilística por conveniência. Baseado numa metodologia qualitativa, realizaram-se entrevistas semiestruturadas. Posteriormente, foi realizada uma abordagem indutiva e interpretativa da informação, com recurso ao software NVivo. Os resultados principais demonstraram que é fundamental a realização de um trabalho em rede e de colaboração, bem como da profissionalização do trabalho humanitário. Noutra vertente, os resultados mostraram que o cidadão comum pode ter um papel importante na AHE, tais como o de voluntário e o de promoção da atenção mediática de crises esquecidas pela população geral. Por fim, aponta-se a permanência de atitudes e comportamentos discriminatórios e racistas face às populações vulneráveis, como um grande desafio na AHE. Os resultados refletem a necessidade de continuar a desenvolver as boas práticas da AHE combatendo, simultaneamente, os desafios deste trabalho.

With dozens of different serious humanitarian crises, the world is faced with the urge to develop Humanitarian and Emergency Action (AHE) through practices that meet the needs of vulnerable populations. Thus, the present investigation aims to explore the perspectives of AHE professionals regarding the challenges and practices of this type of intervention in Portugal. The participants were six AHE professionals, selected through a non-probabilistic convenience sampling process. Based on a qualitative methodology, semi-structured interviews were carried out. Subsequently, an inductive and interpretative approach to the information was carried out, using the NVivo software. The main results showed that networking and collaboration are essential, as well as the professionalization of humanitarian work. Additionally, the results showed that common citizens can play an important role in AHE, through activities such as volunteering and promoting media attention to crises forgotten by the general population. Finally, the permanence of discriminatory and racist attitudes and behaviors towards vulnerable populations is pointed out as a major challenge faced by AHE. The results of this research reflect the need to continue to develop AHE's good practices while simultaneously tackling its challenges for the present and future.