Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10400.2/2481
Título: Stedman's Narrative : its origins & transformations
Autor: White, Landeg
Orientador: Pires, Maria Laura Bettencourt
Palavras-chave: História
Literatura americana
Século XVIII
Literatura inglesa
Escravatura
Colonialismo
Abolicionismo
Suriname
América do Sul
Data de Defesa: 2001
Citação: White, Landeg - Stedman's Narrative [Em linha] : its origins & transformations. Lisboa : [s.n.], 2001. 338 p.
Resumo: O tema desta tese de doutoramento é a obra Narrative of a five year’s expedition, against the Revolted Negroes of Surinam in Guiana, on the Wild Coast of South America, from the year 1772 to 1777 de John Gabriel Stedman, publicada em Londres, em 1796, pelo editor radical Joseph Johnson. Levantam-se duas questões relacionadas com esta obra. A primeira refere-se à escrita do texto, à sua evolução mediante várias versões, e à sua extensa influência nas obras dos escritores ingleses, alemães, franceses e guyaneses que utilizam a história para usos próprios. A Narrative começou por ser o diário de Stedman durante os anos em que esteve no Suriname. Este diário tornou-se a base do manuscrito enviado para o editor em 1790 que foi, posteriormente, rescrito por um revisor e publicada como a Narrative autorizada em 1796. Entretanto, as origens deste texto importante podem ser traçadas através de duas versões prévias (nomeadamente o Journal publicado pela primeira vez em 1962, e a ‘Narrative’ de 1790, publicada pela primeira vez em 1988). William Blake foi o autor de pelo menos dezasseis das ilustrações presentes nesta edição e de poemas e gravuras que transformaram a história de Stedman. Após 1796, a história – especialmente o relato de Stedman do seu casamento com Joanna, uma escrava da plantação – tornou-se a base de várias peças de teatro, romances, poemas e panfletos em inglês, alemão, holandês e francês. A abordagem da história deste processo complexo interligar-se-á com o debate, que então decorria, sobre a abolição do comércio de escravos e da própria escravatura. A segunda questão responde ao desafio lançado por Gayatri Chakravorty Spivak no seu ensaio pós-colonial ?Can the Subaltern Speak?’ no qual a autora afirma não ser possível dar uma voz aos oprimidos¹. Na sua busca de idiomas apropriados para a Narrative, Stedman descreve os Maroons rebeldes (escravos foragidos) em termos heróicos e neo-clássicos, Joanna é uma heroína pastoral e o próprio autor descreve-se como um homem de sentimentos. Será que esta procura de conceitos literários é bem sucedida na descrição da escravatura no Suriname de então, ou será que apenas se limita a enquadrar os escravos num discurso patriarcal, europeu e colonial? Será que Joanna foi explorada igualmente por ‘both the phallus and the pen?’² Ou será que o problema reside na incapacidade do perito pós-colonial de ouvir? Esta questão abrange as metamorfoses da história de Stedman, os poemas e ilustrações de Blake e as peças de teatro, romances e poemas a que deu origem, incluindo alguns de minha autoria. Esta tese, tal como o seu título indica, pretende ser uma contribuição aos Estudos Ingleses e Americanos, na Especialidade de Estudos Americanos (Literatura Inglesa, século XVIII). Os Estudos Americanos constituem uma área multi-disciplinar. A Narrative de Stedman seguiram o modelo dos relatos publicados em Captain Cook’s Voyages e surge contextualizada no âmbito do crescente interesse pela Literatura de Viagens, nas suas dimensões literária, científica e imperial. Ao procurar um estilo adequado, Stedman adquiriu um conhecimento profundo da Literatura Inglesa do século XVIII, e os capítulos 3 e 6 desta tese assumem-se como uma contribuição para esta área de saber. Mas a Narrative está localizada no Suriname e, tal como os textos derivados de escritores europeus, representa uma tentativa de descrição de alguns aspectos da vida neste território sul-americano. Os ramos dos estudos literários envolvidos, portanto, entendem-se além da literatura inglesa e europeia dos séculos dezoito e dezanove para incluir estudos americanos e pós-coloniais com os seus componentes feministas. As pesquisas efectuadas abrangem também a história do comércio de escravos e a abolição do mesmo, em Inglaterra e na Europa, e a história e antropologia da escravatura no Suriname entre outros países. Finalmente, foi necessário trabalhar com textos holandeses, alemães (em tradução) e franceses, além de fontes inglesas e holandesas. Capítulo 2 apresenta o enquadramento histórico dos temas focados em Narrative. Em primeiro lugar, o Suriname e as revoltas dos Maroons que Stedman deveria esmagar, em segundo lugar, a Grã-Bretanha e a longa campanha para a abolição da escravatura. Capítulo 3 problematiza os géneros literários: o heróico, o pastoral e os sentimental tal como eram entendidos no final do século XVIII, recorrendo aos muitos exemplos da literatura dos século referido citados na ‘Narrative’ de 1790. Capítulo 4 analisa a escrita do Journal de Stedman (1962) para delinear o processo de criação em alturas e níveis diferentes, ao mesmo tempo que examina o primeiro relato de Stedman sobre a escravatura no Suriname e sobre a sua busca de meios de expressão apropriados. Capítulo 5 estuda a apresentação dos rebeldes Maroons, de Joanna e de Stedman em ‘Narrative’ de 1790 no âmbito dos conceitos de heróico, de pastoral e de sentimental. Capítulo 6 aborda o impacto que a obra de Stedman teve na pintura, na poesia e nas gravuras de William Blake. Tentaremos provar que Blake desempenhou um papel mais importante do que se reconhece em Narrative de 1796. Capítulo 7 analisa as alterações introduzidas pelo revisor na edição de Narrative de 1796. Apontaremos o argumento que os cortes levados a cabo pelo revisor, posteriormente corrigidos por Stedman com auxílio de Blake, não resultaram num texto inferior ao original. Capítulo 8 examina as variadas obras que surgiram no rasto de Narrative de 1796 desde as peças e romances de Frank Kratter, Thomas Morton, Anónimo, Lydia Child, Eugene Sue, Herman Ridder, Johan Hokstam, Beryl Gilroy, até os poemas de minha autoria sobre o tema. Capítulo 9 aborda a questão proposta anteriormente, a saber: Can the Subaltern Speak?. Apresentaremos o argumento seguinte:’Sim, podem, desde que não sejam silenciados pela crítica pós-colonial’. A tese contém quatro apêndices incluindo uma tradução das ‘Endechas a bárbara, escrava’ de Camões, o texto dos poemas referidos no capítulo 8, o relatório do Col Fourgeoud sobre a captura da arringa de Boni, e o texto de Stedman sobre ‘The Execution of the Breaking on the Rack’.
The subject of this thesis is John Gabriel Stedman’s Narrative of a Five Year’s Expedition, against the Revolted Negroes of Surinam in Guiana (London, 1796). Two basic questions are raised about this text. The first concerns its making, as it evolves through previous versions, and its extensive influence in plays, novels, poems and pamphlets by English, German, Dutch, French and Guyanese authors. These include William Blake in whose poems and engravings Stedman’s story is creatively transformed. My second question takes up the challenge of Gayatri Spivak’s post-colonial essay ‘Can the Subaltern Speak?’ in which she effectively denies that the oppressed (the ‘subaltern’) can be given ‘a voice’. In his search for appropriate idioms, Stedman cast the rebel slaves in neo-classical heroic terms, Joanna his mulatto ‘wife’ as a pastoral heroine, and himself as a ‘man of sentiment’. What do these self-consciously literary idioms succeed in telling us about slave life in Surinam at the period? The question extends to the metamorphoses of Stedman’s story, in Blake’s poems and engravings, and in the various plays novels and poems it has generated, including some of my own. Two kinds of scientific enquiry are employed. The first involves a close reading of the evolution of Stedman’s Narrative, from his Journal to the 1790 manuscript and to the published text of 1796. Each stage involves significant changes in the idioms of representation. This textual scrutiny continues with the study of the works based on the Stedman story. The second enquiry is into the relationship of these texts to history, in particular to the contemporary debate over slavery and abolition. More recently, the context for interest in the Narrative has been the post war rise of nationalism throughout the former European empires, bringing Stedman’s work back into print as a valuable historical and anthropological source, and as the inspiration for further fiction and poetry.
Descrição: Tese de Doutoramento em Estudos Ingleses e Americanos na especialidade de Estudos Americanos (Literatura Inglesa, século XVIII) apresentada à Universidade Aberta
URI: http://hdl.handle.net/10400.2/2481
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