Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10400.2/8530
Título: Gravidez na adolescência na região de Lisboa: cultura ou literacia em saúde?
Autor: Carmona, Ana Paula Reis
Orientador: Ramos, Natália
Palavras-chave: Gravidez
Adolescência
Maternidade
Saúde sexual
Interculturalidade
Migrações
Impacto sociocultural
Promoção da saúde
Região de Lisboa
Adolescence
Pregnancy and motherhood
Migrations and interculturality
Sexual and reproductive health
Communication in health
Intercultural competence
Data de Defesa: 15-Jul-2019
Citação: Carmona, Ana Paula dos Reis - Gravidez na adolescência na região de Lisboa [Em linha]: cultura ou literacia em saúde? [S.l.]: [s.n.], 2018. 280 p.
Resumo: Na prática clínica e ao longo do tempo, constatou-se uma realidade social e multicultural relativa a um conjunto de jovens adolescentes que recorriam, já grávidas, aos cuidados de saúde, por vezes numa fase tardia da gestação, verbalizando tê-la aceite e estarem felizes, algumas admitindo ainda tê-la planeado, enquanto outras referiam que “aconteceu” mas que “tiram” pois a IVG não é difícil. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (2018), Portugal era o segundo país da União Europeia com maior taxa de partos em mães entre os 15 e os 19 anos. As implicações para a vida destas jovens são de ordem física, psicológica, educacional e sócio-económica uma vez que, os nascimentos em jovens menores de 19 anos trazem à mãe, bebé e comunidade em que se inserem variados problemas, sendo actualmente considerados um problema de saúde pública. Esta evidência tornou-se factor motivador para o desenvolvimento de uma investigação qualitativa não experimental, desenvolvida em contexto natural, tendo como objectivos conhecer e analisar os valores, as crenças e os comportamentos que levam à gravidez na adolescência; descrever crenças universais e específicas relacionadas com os valores culturais e os comportamentos em adolescentes autóctones e migrantes e identificar as influências resultantes dos contactos entre as várias culturas, decorrentes do processo migratório. Trata-se de um estudo exploratório descritivo e indutivo, de forma a estudar e compreender os determinantes em saúde relacionados com este fenómeno, assim como as desigualdades sociais e processos de exclusão em comunidades específicas de minorias desfavorecidas. Realizou-se uma abordagem micro no município da Amadora, um concelho com grande variabilidade social e cultural. Utilizou-se o processo de amostragem não probabilística, com amostra em “bola de neve” tendo participado informantes qualificados, “indivíduos de referência” e grávidas adolescentes autóctones e migrantes. A recolha de dados foi efectuada com triangulação de métodos tais como questionários sócio-demograficos; entrevistas semi-estruturadas em profundidade com recolha áudio e fílmica; observação participante directa e ainda fotografias, tal como outros documentos visuais de redes sociais. Para tratamento dos dados foi utilizada a técnica da análise de conteúdo. Concluiu-se que o fenómeno da gravidez na adolescência se afigura complexo e de causas multifactoriais, motivo por que foi compreendido e abordado em várias dimensões e vertentes, tendo sido necessário distinguir gravidez não planeada ou acidental que implica a necessidade de uma tomada de decisão entre seguir com a gravidez, ou a possibilidade legal de realizar IVG, se atempadamente; do desejo, explícito ou não, de uma gravidez precoce que também pode ser devido a um conjunto de envolvências, das quais se destaca o desejo do parceiro pela gravidez, idealizando-a como meio de conseguir o amor do namorado, consciencializando apenas o futuro imediato, com a idealização de uma vida perfeita, romântica e cheia de amor. Uma forma de viver o seu ritual de passagem à vida de adulta, uma necessidade de afirmação como mulher, tal como haviam feito anteriormente mães e avós. Também uma baixa escolarização e ausência de projecto profissional, assim como a literacia da comunidade em que se inserem e as condições habitacionais em contexto de bairro social levam à idealização de que o bebé permite desempenhar “o papel da sua vida” de forma a pertencer e ser aceite, numa cultura ou comunidade, onde o “correto” e “habitual” é ser mãe adolescente. Não foi encontrada evidência de que a convivência entre culturas resultasse em significativa diferenciação entre adolescentes autóctones e migrantes, ao nível dos determinantes psicossociais, culturais e de saúde, mas sim de que o processo de aculturação tenha influenciado ambas para a gravidez precoce. Recomenda-se a aquisição/aperfeiçoamento de competências Comunicacionais e Interculturais, por parte dos profissionais, através do Conhecimento dos Determinantes Culturais e Psicossociais, para uma adequação da prática de cuidados em saúde, tanto a nível individual como comunitário para o aumento da literacia; trabalho em equipa multidisciplinar, também em contexto escolar, envolvendo a comunidade, as famílias e o meio ambiente onde se inserem, desenvolvendo programas de educação para a saúde e para a cidadania. Para estudo futuro, sugere-se a realização de um projecto-piloto de investigação-acção, através de uma abordagem longitudinal com utilização da metodologia fílmica, para além da recolha de dados também de forma didáctica.
In clinical practice and throughout the times, a social and multicultural reality came to light regarding a group of young teenagers who resorted to healthcare while already pregnant, sometimes in a late pregnancy stage, stating to have accepted it and being happy, some admitting to have planned it, whereas others referred that it “happened” but are willing to “take” it as abortion is not difficult. According to the National Statistics Office (2018), Portugal was the second country in the European Union with the highest rate of deliveries amongst mothers ages 15 to 19. The implications in these teenagers’ lives are of physical, psychological, educational and socio-economical order as the births in teenagers younger than 19 bring to the mother, the child and the community they are a part of several different concerns, which are currently being considered a public health problem. This evidence became a motivating factor for the development of a nonexperimental qualitative research, developed in a natural environment, whose main goals were to learn and analyse the values, beliefs and behaviours which lead to teenage pregnancy; describe universal and specific beliefs related to cultural values and behaviours in native adolescents or in migrants, and identifying the influences resulting from the contact between several cultures, arising from the migration process. It is an exploratory, descriptive and inductive study so that it can observe and comprehend the health determinants related with this phenomenon, as well as the social inequality and deletion process in specific communities, of underprivileged minorities. A micro-based approach took place in Amadora, a municipality with great social and cultural variability. A non-probabilistic sampling procedure was used, with a “snowball” sample in which qualified experts, “individuals of reference” and native and migrant pregnant teenagers have participated. Data collection was carried out with triangulation methods such as social-demographical questionnaires, semi-structured in-depth audio and film interviews, direct participant observation, photographs and other visual documents in social networks. For data processing a content analysis technique was used. It was concluded that the phenomenon of pregnancy in teenage years appears to be complex and of multifactorial causes, the reason why it was understood and approached in various dimensions and aspects, having been necessary to distinguish unplanned or 16 Ana Paula dos Reis Carmona accidental pregnancy; which implies the necessity of deciding whether to carry on with the pregnancy, or the legal possibility of performing an abortion, if in time; of the desire, explicit or not, of an early pregnancy which may be due to a number of feelings, from which the partner’s desire for that pregnancy is emphasised, idealising that pregnancy as a means to getting the boyfriend’s love, only reflecting upon an immediate future, imagining a perfect, romantic life, full of love. A way of living their rite of passage into adulthood, a need to assert themselves as women, as mothers and grandmothers had previously done. Also low schooling and the absence of a professional project, as well as the literacy of the community in which they live and the housing conditions in the context of a social housing project lead to the idealisation that the child allows one to play “the role of her life” as to belong and be accepted, in a culture or community, in which the “correct” and “common” is to be a single mother. No evidence was found that the interaction between cultures resulted in significant differentiation between native and migrant teenagers at the psychosocial, cultural or health determinants, but that the process of acculturation had influenced both into early pregnancy. The acquisition/improvement of Communicational and Intercultural Competences is recommended from professionals through the Knowledge of Cultural and Psychosocial Determinants for adequate healthcare services, not only individual but also at community level for a literacy increase. Working in a multidisciplinary team, also in school context, involving the community, the families and local environment to which they belong, developing educational healthcare and citizenship programmes. For further study, the creation of a pilot-project of research-action is suggested, through a longitudinal approach with the use of film methodology besides data collection in a didactic way.
URI: http://hdl.handle.net/10400.2/8530
Designação: Tese de Doutoramento em Relações Interculturais
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