Folclore, folclorização e identidade: análise do papel dos grupos folclóricos na construção identitária de jovens de um centro urbano e de um centro rural

Abstract

Os grupos folclóricos e etnográficos enquanto estruturas organizadas, cuja inspiração advém das comunidades rurais e suas vivências, continuam a ser uma tradição cultural muito vinculadas ao contexto rural, no entanto esta prática também está muito presente em contextos urbanos. A maior parte destes grupos têm a sua origem em processos migratórios de pessoas que saíram do meio rural para os centros urbanos e que mantiveram as memórias do seu contexto de origem concretizando-as em recriações como forma de reforço e preservação dos seus alicerces identitárias. Este processo torna-se particularmente evidente e emergente perante a aceleração das transformações na sociedade, num apelo à materialização do passado como forma de impedir o seu esquecimento e desaparecimento nas gerações futuras. As tradições culturais continuam a ser uma componente para a construção de identidade individual e coletiva, tanto nos meios rurais como nos urbanos. Este estudo pretende compreender os motivos que estão na origem da participação dos jovens em ranchos folclóricos e o papel dos grupos folclóricos na construção identitária. A investigação assume-se como um estudo de caso e o seu foco de estudo em dois grupos, um inserido num centro urbano e outro num meio rural, mas têm em comum o facto de representarem uma tradição cultural da mesma região. Optou-se por uma metodologia de análise qualitativa e a estratégia para recolha de dados foi o método etnográfico que combinou a observação participante e entrevistas. As conjugações dos dados empíricos com a revisão da literatura forneceram elementos que indicam a importância das relações sociais estabelecidas dentro do grupo que lhes transfere um sentimento de pertença e identidade, ao grupo e à região. No caso dos jovens do meio urbano o interesse surge das memórias de infância, das vivências na aldeia, enquanto que os do meio rural o rancho é uma ocupação de tempos livres e o gosto pela música e dança. Para ambos os seus interesses são sustentados e completados pelo convívio e amizades estabelecidas que os remete a um conceito de família que encontram e reconhecem no grupo.

Abstract Folkloric and ethnographic groups support their activities and performances under the conceptualized idea of rural culture. This premise is also true to the groups that exist in urban contexts. Most of the folkloric groups in urban contexts emerged from migration processes of people who left their rural origins. These groups offer a form of reinforcing the sense of belonging and identity in a foreigner context, particularly relevant in a globalized and culturally uniform reality such as the one with live currently. Cultural traditions are thus perceived has a tool to establish and/or strengthen the individual or collective identity both in rural and urban contexts. The present study intends to understand the relation between youth participation in ethnographic or folkloric groups and their identity. To do so, the present research was developed has a case study, focusing in two folkloric groups, one from a rural context and the other one from an urban context, both representing the cultural traditions of the same geographical region. We opted for a qualitative analysis methodology and the strategy for data collection was the ethnographic method that combined participant observation and interviews. Data analysis was combined with literature review revealed that the social relations established within the groups, provides a sense of belonging and identity to the geographical region and between individuals. When we analyse data from the urban context it is clear that they associate their participation with their family cultural heritage. Regarding the rural group, the individuals refer the opportunity to travel and occupy their free time with cultural activities. For both groups these interests are complemented with the idea of friendship, the sense of family and conviviality provided by the group dynamics.