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http://hdl.handle.net/10400.6/12920
Título: | Relação entre Redes Sociais e Compulsão por Compras |
Autor: | Martins, Maria Beatriz Lopes |
Orientador: | Trovão, José Nuno Nova Araújo Sá Ferreira, Dário Jorge da Conceição |
Palavras-chave: | Adição a Compras Compras Online Compulsão por Compras Oniomania Redes Sociais |
Data de Defesa: | 1-Jun-2022 |
Resumo: | Introdução: O uso disseminado da Internet conduziu a uma crescente
popularização das redes sociais e de uma nova forma de consumo — as compras online.
Torna-se, pois, pertinente averiguar se estes são dois fenómenos independentes ou se
existirá um papel das redes sociais na promoção de aquisições desajustadas, nomeadamente
via internet, e no desenvolvimento de uma Perturbação de Compulsão por Compras. Esta é
reconhecida como uma doença em que os indivíduos são incapazes de resistir ao impulso
de compra, apesar das consequências negativas pessoais e sociais.
Objetivos: Procurámos analisar o impacto da utilização das redes sociais no
comportamento de compras compulsivas em estudantes da Faculdade de Ciências da Saúde
da Universidade da Beira Interior.
Métodos: Executámos um estudo observacional transversal sobre uma amostra de
estudantes da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, por meio
de um questionário estruturado de autopreenchimento, disponível durante seis dias. Os
dados foram analisados com estatística descritiva e inferencial, com recurso ao software
Statistical Package for the Social Sciences v.28.0.
Resultados: Entre os 313 indivíduos da amostra, de idade média de 23 anos e
maioritariamente (75,1%) do sexo feminino, 71,9% utiliza mais frequentemente a rede social
Instagram. A média do tempo de ecrã é de quatro horas por dia, variando a impressão
subjetiva dos indivíduos entre uma utilização por dia (1,3%) e mais de uma utilização por
hora (28,1%). Admitiram ter comprado artigos publicitados nas redes sociais no mês
anterior, presencialmente, 16,9% dos inquiridos, e via internet 32,6%, apurando-se um
gasto médio de 58,29€ nesta forma de compra. Cerca de 80% dos indivíduos já sentiram
necessidade de reduzir o uso de redes sociais e 21,4% já sofreram repreensão por terceiros
por esse uso. Para as compras online realizadas, 12,5% afirma já ter sentido arrependimento
ou sofrido repreensão por terceiros. O sexo feminino associou-se significativamente a níveis
mais altos de influenciabilidade autoavaliada pelas redes sociais (p<0,001). Essa
influenciabilidade também se associou a maior frequência de realização de compras online
(p=0,002); à sua realização apesar de consequências negativas (p=0,030); e a fenómenos
de arrependimento ou repreensão por terceiros por tais compras (p<0,001). Discussão: Este estudo mostrou uma utilização considerável de redes sociais na
população da amostra, com congruência entre a frequência auto-reportada e o tempo de
ecrã objetivo. O Instagram, a rede de eleição, permite não só a visualização de conteúdos
como a sua compra rápida, o que pode ter contribuído para a maior representatividade de
compras online na amostra. As consequências emocionais e interpessoais observadas
apontam para a presença de critérios de Perturbação de Compulsão por Compras em cerca
de 1% a 21% da população da amostra. Apesar das discrepâncias entre autores, esta doença
é consensualmente considerada uma perturbação de controlo de impulsos, com fatores de
risco como idade jovem, sexo feminino, sintomas emocionais, obsessivos e impulsivos e a
disponibilidade de métodos de pagamento via internet. As intervenções psicoterapêuticas e
farmacológicas serotoninérgicas são o tratamento proposto com mais evidência, embora
ainda de robustez escassa.
Conclusão: A população estudada revela hábitos de uso de redes sociais e de
compra online frequentes, com consequências emocionais e interpessoais negativas,
podendo reunir critérios para Perturbação de Compulsão por Compras em prevalência
elevada. O conhecimento sobre esta doença e o consumo de redes sociais digitais está em
constante evolução, pelo que serão necessários mais estudos com metodologia de
investigação longitudinal e análise estatística mais robusta para intervir adequadamente. Introduction: Widespread use of the Internet has led to a growing vulgarization of social networks and to a new form of purchasing — online shopping. Therefore, it is relevant to explore whether these are two independent phenomena or if there is some role of social networks in promoting inappropriate spending, namely online, and in the development of a Compulsive Buying Disorder. Individuals suffering this disorder are unable to resist the impulse to purchase, despite personal and social consequences. Objectives: To assess the impact of the use of social networks on compulsive buying, in students of the Faculdade de Ciências da Saúde of the University of Beira Interior. Methods: We carried out a cross-sectional observational study on a sample of students from Faculdade de Ciências da Saúde of the University of Beira Interior, using a structured self-questionnaire, available for six days. Data was analyzed with descriptive and inferential statistics, using the Statistical Package for the Social Sciences v.28.0 software. Results: Among the 313 individuals, with an average age of 23 years and mostly female (75,1%), 71,9% use Instagram more often. The average screen time is four hours per day, varying the individuals’ subjective impression between one use of social networks per day (1,3%) and more than one use per hour (28,1%). A 16,9% of the respondents admitted having purchased items advertised on social media in the previous month in person, and 32,6% did it online, with an average expense of 58,29€ on this kind. Around 80% have felt need to reduce the use of social networks already and 21,4% have been reprimanded by others about it. Regarding actual purchases, 12,5% said to have already felt regret or been reprimanded. Female sex was significantly associated with higher levels of self-assessed influenceability by social networks (p<0.001). This influenceability was also associated with a higher frequency of online shopping (p=0.002); doing it despite negative consequences (p=0.030); and having got regret or reprimand by others (p<0.001). Discussion: This study showed considerable use of social networks in the sample population, with congruence between self-reported frequency of use and objective screen time. Instagram, the preferred network, allows both to view and to easily purchase its contents, possibly contributing to the more significant online over in-person shopping in this sample. The emotional and interpersonal consequences observed suggest the presence of a Compulsive Buying Disorder criteria in around 1% to 21% of the sample population. Despite the disagreement between authors, this illness is consensually accepted as an impulse control disorder, with risk factors such as young age, female sex, emotional, obsessive and impulsive symptoms and the availability of mobile payment methods. Psychotherapeutic and pharmacological serotonergic interventions are the mainstay of treatment, although still lacking in strength. Conclusion: The studied population reveals considerable use of social networks and online shopping habits, with negative emotional and interpersonal consequences, likely meeting criteria for a Compulsive Buying Disorder in high prevalence. Knowledge about this condition and the use of digital social networks is under constant progress, therefore more studies, with longitudinal methodology and more sound statistical analysis are needed to intervene properly. |
URI: | http://hdl.handle.net/10400.6/12920 |
Designação: | Mestrado Integrado em Medicina |
Aparece nas colecções: | FCS - DCM | Dissertações de Mestrado e Teses de Doutoramento |
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