Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10400.6/13822
Título: A Orientação Empreendedora das Instituições de Ensino Superior (IES): O Caso das IES Públicas em Portugal
Autor: Pacheco, Ana Isabel Gaspar
Orientador: Ferreira, João José de Matos
Simões, Jorge Manuel Marques
Palavras-chave: Orientação empreendedora
Universidades empreendedoras
Instituições de Ensino Superior
Empreendedorismo académico
Spin-offs académicas
Data de Defesa: 14-Nov-2023
Resumo: As universidades têm sido cada vez mais reconhecidas como uma fonte de atividade empreendedora (Etzkowitz, 2001; Rodrigues, Ferreira & Felgueira, 2019) e por desempenharem papéis importantes na sociedade como instituições produtoras e disseminadoras de conhecimento (Guerrero & Urbano, 2012; Schmitz et al., 2017). Desta forma, numa sociedade baseada no conhecimento, as universidades são cada vez mais consideradas iniciadoras do desenvolvimento local, pois podem desempenhar um papel fundamental não apenas para a produção de conhecimento, mas também para sua disseminação e uso para fins comerciais (Guerrero et al., 2015). No entanto, as universidades têm uma identidade própria e como tal apresentam diferentes histórias, tradições e estruturas organizacionais, promovendo diferentes formas de se tornarem empreendedoras (Martinelli et al., 2008; Rodrigues, Ferreira & Felgueira, 2019). Deste modo, Hannon (2013) defende que o contexto competitivo no qual as universidades empreendedoras operam continua a assemelhar-se mais ao enfrentado pelas empresas: global, mutável e difícil de prever. Neste contexto, para Montiel-Campos (2018), as posturas empreendedoras usadas dentro das universidades são explicáveis mediante o uso do construto da orientação empreendedora (OE). Contudo, no contexto das universidades, o construto da OE tem sido ainda pouco explorado. Assim, a presente investigação tem como objetivo geral aferir a influência da OE das universidades, no contexto das IES públicas portuguesas. Deste modo, a presente tese apresenta-se estruturada em três partes. A primeira parte é composta pela introdução, na qual é feito um enquadramento do tema, são definidos os objetivos de investigação, descrevem-se as metodologias e apresenta-se a estrutura da tese. A segunda parte agrega quatro estudos (Capítulos). O primeiro estudo (Capítulo 2), intitulado “A essência da orientação empreendedora das universidades e a sua mensuração”, comporta uma revisão sistemática da literatura de forma a avaliar a pesquisa empírica realizada sobre a medição do construto da OE, com a intenção de identificar como medir a OE das universidades e sistematizar a literatura relativa à essência teórica do conceito da OE e identificar recomendações para pesquisas futuras. Para tal, foi realizada uma pesquisa na base de dados Web of Science sobre a OE e as Instituições de Ensino Superior (IES), onde, mediante uma amostra de artigos foi possível identificar que a maioria dos estudos se prende com três tipos áreas temáticas: i) OE e empreendedorismo académico; ii) OE e universidades empreendedoras; e iii) OE e spin-offs académicas. Foram também sistematizadas as metodologias utilizadas, os instrumentos e escalas utilizadas na medição da OE e as suas respetivas dimensões. Face a estas três grandes áreas temáticas, resultantes da revisão da literatura, definiram-se os três estudos empíricos seguintes (Capítulos 3, 4 e 5). O segundo estudo (Capítulo 3), intitulado “Empreendedorismo académico: mecanismos facilitadores de oportunidades empreendedoras”, tem como objetivo contribuir para uma maior compreensão sobre os mecanismos facilitadores do empreendedorismo académico. Para tal, foi aplicada uma abordagem quantitativa com recurso a questionários, enviados a reitores, presidentes de faculdade, presidentes de politécnico e diretores de escola das IES públicas portuguesas. A amostra foi constituída por 125 respondentes. Os resultados mostram que as universidades orientadas para o empreendedorismo trazem benefícios para as IES através dos seguintes mecanismos: i) mobilização de pesquisa; ii) abordagens não convencionais; iii) nível de cooperação com a indústria; e iv) políticas universitárias. Além disso, as evidencias empíricas mostram que tanto os programas de incubadoras e outras iniciativas de apoio, como os programas de prova de conceito têm um efeito moderador sobre o empreendedorismo académico e beneficiam consequentemente as IES. Estes programas servem de apoio às atividades de transferência de tecnologia nas universidades e ajudam a reduzir a incerteza tecnológica em torno das invenções nas suas fases iniciais de desenvolvimento. O terceiro estudo (Capítulo 4), intitulado “Criação e desenvolvimento das universidades empreendedoras: a orientação empreendedora é importante?” tem como objetivo contribuir para uma maior compreensão sobre a OE das IES e para criação e desenvolvimento das universidades empreendedoras e ao mesmo tempo contribuir para o preenchimento de uma lacuna evidenciada na literatura, sobre a necessidade de compreender o papel da OE das universidades mediante evidências empíricas. Recorreu-se a um estudo quantitativo, onde foi aplicado um questionário à mesma amostra que o estudo anterior (reitores, presidentes de faculdade, presidentes de politécnico e diretores de escola das IES públicas portuguesas). Os resultados evidenciam que a OE é extremamente relevante para a criação e desenvolvimento das universidades empreendedoras, através da inovação, autonomia, assumir riscos e agressividade competitiva. Para além disso, através dos efeitos moderadores da orientação para o mercado e do objetivo de desenvolvimento sustentável, o estudo mostrou que estes efeitos moderadores têm um impacto positivo para a criação e desenvolvimento das universidades empreendedoras. O quarto estudo (Capítulo 5), intitulado “O papel das instituições de ensino superior e da orientação empreendedora para a criação e desenvolvimento das spin-offs académicas”, tem como objetivo contribuir para uma maior compreensão sobre como a OE das IES potencia a criação, crescimento e desempenho das spin-offs académicas. Foi seguida uma abordagem qualitativa, com recurso a entrevistas semiestruturadas feitas a presidentes de universidades, diretores de escola, diretores de departamento, diretores de cursos de IES públicas portuguesas e a criadores de spin-offs. Os resultados sugerem que as IES desempenham um papel determinante, na criação, crescimento e desempenho das spin-offs académicas, como promotoras do empreendedorismo académico. Para além disso, o estudo revela ainda que as grandes motivações que estão na base para a criação de uma spin-off académica são a realização pessoal, a transferência dos conhecimentos adquiridos nas IES e a procura da independência económica. Por fim, a terceira parte apresenta as conclusões gerais da tese, implicações teóricas e práticas e as linhas de investigação futuras. Assim, de entre outras conclusões, verificou-se que a OE potencia a criação e desenvolvimento das universidades empreendedoras. Através dos nossos estudos empíricos, também se verificou uma forte dependência entre a OE das IES, o empreendedorismo académico e as spin-offs académicas, ou seja, o empreendedorismo académico é fundamental para as spin-offs académicas, mas ambos têm a OE como essencial para o sucesso e a existência de spin-offs académicas é baseada principalmente na atividade de transferência de conhecimento. Como contributos da tese, destacam-se aqui principalmente quatro contribuições. A primeira contribuição é: a sistematização das metodologias utilizadas (predominantemente quantitativas e qualitativas), bem como os instrumentos de investigação mais utilizados (essencialmente, questionários e entrevistas), as escalas utilizadas para mensurar a OE e as dimensões da OE com maior prevalência. A segunda contribuição, forneceu evidências empíricas do papel desempenhado pelo empreendedorismo académico, relacionando-o com os mecanismos facilitadores do empreendedorismo e com fatores moderadores. Os resultados evidenciaram que os diferentes mecanismos do empreendedorismo académico (mobilização da investigação, não convencionalidade, colaboração da indústria, políticas universitárias) têm uma influência significativa na criação e desenvolvimento de uma universidade empreendedora. Além disso, mostrou-se os efeitos moderadores que os programas de incubadoras e outras iniciativas de apoio, bem como os programas de prova de conceito, têm sobre o empreendedorismo académico. Quanto à terceira contribuição, forneceu evidências empíricas do papel da OE das IES, através dos olhos dos académicos, relacionando a OE com as universidades empreendedoras e também forneceu evidências empíricas relacionando a OE das IES com os fatores moderadores. Com os nossos resultados mostrou-se que apenas quatro dimensões da OE têm uma influência significativa na criação e desenvolvimento de universidades empreendedoras. Além disso, com os nossos resultados também se mostrou como a orientação para o mercado e os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) têm efeitos moderadores no desenvolvimento do empreendedorismo académico. E por último, a quarta contribuição reforçou o papel das IES e do empreendedorismo académico para as spin-offs académicas, nomeadamente para a criação, crescimento e desempenho das spin-offs académicas. Mostrou-se que a OE é relevante para a criação, crescimento e desempenho das spin-offs académicas, e que a realização pessoal, a transferência dos conhecimentos adquiridos nas IES e a procura da independência económica são as principais motivações para se criar uma spin-off académica. Quanto a futuras linhas de investigação, sugeriu-se por exemplo: a) analisar o papel das IES como promotoras do empreendedorismo académico ou averiguar a influência da OE junto de alunos de empreendedorismo das IES; b) que no futuro se conduza uma pesquisa empírica comparativa, estendendo-se a IES de outros países, especialmente outros países europeus e verificar-se as diferenças entre IES de diferentes países, com diferentes estruturas de governo, e com diferentes contextos de governo universitário, bem como com diferentes backgrounds académicos de reitores, presidentes ou diretores; c) a aplicação de outro questionário a docentes que lecionam disciplinas relacionadas ao empreendedorismo e alunos que tenham estas disciplinas, podendo enriquecer os resultados da pesquisa, na medida em que acreditamos que usando uma amostra maior, em vez de uma mais reduzida, ajudará a tornar os nossos resultados ainda mais representativos; d) que estudos futuros usem uma combinação mais diversificada e sofisticada de técnicas analíticas do que as empregadas até o momento, por exemplo, pesquisas que incorporam abordagens qualitativas e quantitativas podem oferecer conhecimento complementar.
Universities have been increasingly recognized as a source of entrepreneurial activity (Etzkowitz, 2001; Rodrigues, Ferreira & Felgueira, 2019) and for playing important roles in society as knowledge-producing and disseminating institutions (Guerrero & Urbano, 2012; Schmitz et al., 2017). Thus, in a knowledge-based society, universities are increasingly considered initiators of local development, as they can play a key role not only in producing knowledge but also in its dissemination and use for commercial purposes (Guerrero et al., 2015). However, universities have their own identity and present different histories, traditions and organizational structures, promoting different ways of becoming entrepreneurial (Martinelli et al., 2008; Rodrigues, Ferreira & Felgueira, 2019). Thus, Hannon (2013) argues that the competitive context in which entrepreneurial universities operate continues to more closely resemble that faced by businesses: global, changeable, and difficult to predict. In this context, for Montiel-Campos (2018), the entrepreneurial postures used within universities are explicable through the use of the construct of entrepreneurial orientation (EO). However, in the context of universities, the construct of EO has still been little explored. Thus, the present research aims to assess the influence of EO in universities in the context of Portuguese public HEIs. Thus, this thesis is structured in three parts. The first part comprises the introduction, in which the theme is framed, the research objectives are defined, the methodologies are described, and the thesis structure is presented. The second part aggregates four studies (Chapters). The first study (Chapter 2), entitled "The essence of entrepreneurial orientation of universities and its measurement", comprises a systematic literature review to evaluate the empirical research conducted on the measurement of the EO construct, to identify how to measure the EO of universities and systematize the literature regarding the theoretical essence of the EO concept and identify recommendations for future research. To this end, a search was conducted in the Web of Science database on EO and Higher Education Institutions (HEIs), where, through a sample of articles, it was possible to identify that most studies are related to three types of thematic areas: i) EO and academic entrepreneurship, ii) EO and entrepreneurial universities, and iii) EO and academic spin-offs. The methodologies, instruments, and scales used in measuring entrepreneurship and its dimensions were also systematized. Given these three major thematic areas resulting from the literature review, the following three empirical studies were defined (Chapters 3, 4, and 5). The second study (Chapter 3), entitled “Academic entrepreneurship: facilitating mechanisms of entrepreneurial opportunities”, aims to contribute to a greater understanding of the mechanisms that facilitate academic entrepreneurship. To this end, a quantitative approach was applied using questionnaires sent to rectors, faculty presidents, polytechnic presidents and school directors of Portuguese public HEIs. The sample consisted of 125 respondents. The results show that entrepreneurship-oriented universities benefit HEIs through the following mechanisms: i) mobilization of research, ii) unconventional approaches, iii) level of cooperation with industry, and iv) university policies. Furthermore, empirical evidence shows that incubator programs, other support initiatives, and proof-of-concept programs have a moderating effect on academic entrepreneurship and consequently benefit HEIs. These programs support university technology transfer activities and help reduce technological uncertainty surrounding inventions in their early stages of development. The third study (Chapter 4), entitled “Creation and development of entrepreneurial universities: is entrepreneurial orientation important?”, aims to contribute to a greater understanding of the EO of HEIs and the creation and development of entrepreneurial universities while also contributing to filling a gap highlighted in the literature on the need to understand the role of universities' EO through empirical evidence. A quantitative study was used, where a questionnaire was applied to the same sample as the previous study (deans, faculty presidents, polytechnic presidents and school directors of Portuguese public HEIs). The results show that the EO is extremely relevant for creating and developing entrepreneurial universities through innovation, autonomy, risk-taking and competitive aggressiveness. Furthermore, through the moderating effects of market orientation and the objective of sustainable development, the study showed that these moderating effects positively impact the creation and development of entrepreneurial universities. The fourth study (Chapter 5), entitled “The role of higher education institutions and entrepreneurial orientation for the creation and development of academic spin-offs”, aims to contribute to a better understanding of how the HEI's EO enhances the creation, growth and performance of academic spin-offs. A qualitative approach was followed, using semi-structured interviews with university presidents, school directors, departmental directors, course directors of Portuguese public HEIs and spin-off creators. The results suggest that HEIs play a determinant role in the creation, growth and performance of academic spin-offs as promoters of academic entrepreneurship. Furthermore, the study also reveals that the main motivations for creating an academic spin-off are personal fulfilment, the transfer of knowledge acquired in HEIs, and the search for economic independence. Finally, the third part presents the general conclusions of the thesis, theoretical and practical implications, and future lines of research. Thus, among other conclusions, it was found that EO enhances the creation and development of entrepreneurial universities. Through our empirical studies, it was also found a strong dependence between the EO of HEIs, academic entrepreneurship and academic spin-offs; that is, academic entrepreneurship is fundamental for academic spin-offs, but both have the EO as essential for success, and the existence of academic spin-offs is mainly based on the activity of knowledge transfer. As contributions of the thesis, four contributions stand out here mainly. The first contribution is the systematization of the methodologies used (predominantly quantitative and qualitative), as well as the most used research instruments (essentially, questionnaires and interviews), the scales used to measure EO and the EO dimensions with higher prevalence. The second contribution provided empirical evidence of the role played by academic entrepreneurship, relating it to the facilitating mechanisms of entrepreneurship and moderating factors. The results highlighted that the different mechanisms of academic entrepreneurship (research mobilization, unconventionality, industry collaboration, and university policies) significantly influence the creation and development of an entrepreneurial university. Furthermore, it showed the moderating effects that incubator programs, other support initiatives, and proof-of-concept programs have on academic entrepreneurship. The third contribution provided empirical evidence of the role of HEIs' EO through the eyes of academics, relating EO to entrepreneurial universities and empirical evidence relating HEIs' EO to moderating factors. With our results, it was shown that only four dimensions of EO have a significant influence on the creation and development of entrepreneurial universities. Furthermore, our results also showed how market orientation and sustainable development goals (SDGs) have moderating effects on the development of university entrepreneurship. And finally, the fourth contribution reinforced the role of HEIs and academic entrepreneurship in academic spin-offs, namely for the creation, growth and performance of academic spin-offs. It was shown that EO is relevant for the creation, growth and performance of academic spin-offs and that personal fulfilment, transfer of knowledge acquired at HEIs and the search for economic independence are the main motivations for creating an academic spin-off. As for future lines of research, it was suggested for example: (a) analyzing the role of HEIs as promoters of academic entrepreneurship or ascertaining the influence of the EO on entrepreneurship students in HEIs; (b) that in the future a comparative empirical research be conducted, extending to HEIs from other countries, especially other European countries and verify the differences between HEIs from different countries, with different governance structures, and with different university governance contexts, as well as with different academic backgrounds of rectors, presidents or directors; c) applying another questionnaire to faculty members who teach entrepreneurship-related subjects and students who take these subjects, and this may enrich the research results, as we believe that using a larger sample rather than a smaller one will help make our results even more representative; d) that future studies use a more diverse and sophisticated combination of analytical techniques than those employed so far, for example, research that incorporates qualitative and quantitative approaches may offer complementary knowledge.
URI: http://hdl.handle.net/10400.6/13822
Designação: Doutoramento em Gestão
Aparece nas colecções:FCSH - DGE | Dissertações de Mestrado e Teses de Doutoramento

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