Alterações metabólicas e risco cardiovascular em crianças infectadas verticalmente pelo VIH-1 na era do tratamento anti-retroviral combinado : um caso clínico

Abstract

Before the advent of HAART (highly active anti-retroviral therapy), children vertically infected with HIV-1 developed rapidly-progressive disease and death. With its large scale accessibility, by the middle of the 90’s decade, drastic decreases in mortality and morbidity were observed in this population. However, while the majority of these children nowadays survives until adulthood, some concerns emerging about the adverse metabolic effects of HAART. These include lactic acidosis, dyslipidemia, insulin resistance and lipodystrophy/lipodystrophy syndrome. It is now known that the genesis of these anomalies implies not only the anti-retroviral drugs’ actions, but also host factors, virus-related factors and factors related to the infection itself. The metabolic dysregulation that occurs has an impact in the future cardiovascular risk of the infected children because it induces, alongside with the chronic inflammation, early atherogenesis. The presented clinical case illustrates the paradigm of what it is to be a HIV-1 infected child dealing with therapy-related metabolic alterations nowadays. There is still a path to be undertaken in respect to the management of these alterations in the pediatric population.

Antes do advento da TARVc (terapêutica anti-retroviral combinada), as crianças infectadas verticalmente pelo VIH-1 desenvolviam doença rapidamente progressiva e morte. Com a acessibilidade em larga escala da mesma, a partir de meados da década de 90, verificaram-se diminuições drásticas da mortalidade e morbilidade nesta população. No entanto, enquanto a maior parte destas crianças sobrevive hoje até à idade adulta, começam a surgir preocupações relativamente aos efeitos adversos metabólicos da TARVc. Estes incluem acidose láctica, dislipidémia, resistência à insulina e lipodistrofia/síndrome de lipodistrofia. Sabe-se actualmente que todas estas alterações têm na sua génese não só a acção dos fármacos anti-retrovirais mas também factores do hospedeiro e factores relacionados com o vírus e com a infecção em si. A desregulação metabólica que ocorre tem impacto no risco cardiovascular futuro das crianças infectadas, por induzir, juntamente com a inflamação crónica, a aterogénese precoce. O caso clínico apresentado ilustra o paradigma do que é hoje ser criança nascida com VIH-1 e lidar com as alterações metabólicas relacionadas com a terapêutica. Existe ainda um caminho a ser percorrido no que diz respeito ao manejo destas alterações na população pediátrica.