Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10451/29686
Título: Uma "proposta" curricular para o ensino secundário português no início do século XXI : "ouvir e pensar as pessoas que moram nos alunos"
Autor: Gonçalves, Rui Manuel Santos Pereira, 1964-
Orientador: Azevedo, Joaquim, 1955-
Palavras-chave: Currículos
Ensino secundário - Portugal
Juventude
Relações professor-aluno
Teses de mestrado - 2001
Data de Defesa: 2001
Resumo: O Universo existente de alunos que povoam as escolas secundárias portuguesas, esses jovens adolescentes que enchem de vida o quotidiano das nossas escolas, não são dados estatísticos. Eles são pessoas com emoções, sentimentos, sonhos, ambições, seres únicos e irrepetíveis, e como tal, merecem ser considerados. Não parece ser mais possível continuar a ensinar sem pensar na pessoa do aluno. O novo “paradigma” educativo que defendemos tem no centro os alunos e as aprendizagens e não os professores e a forma como ensinam. Num mundo de obrigações, de incertezas, de consumo, de novas dependências, de fragilidade dos sistemas políticos, de roturas do mercado de trabalho; num mundo onde se acentua a pressa e onde reina o efémero; num mundo de adultos demasiado preocupados com a globalização da economia e dos mercados de capitais, parece aconselhável repensar e reinventar a escola, nomeadamente a formação de nível secundário, de modo a colocar os jovens - esses seres singulares e com rosto - no fulcro da realidade educativa. Numa sociedade ocidental, alicerçada num modelo economicista da educação, no qual muitos pais não concedem aos filhos, em tempo de escolarização, o tempo de relação suficiente para estar e ser, em que o défice de socialização é notório, talvez seja de equacionar uma nova forma de encarar a pessoa do aluno, que se adeqúe às necessidades e expectativas dos jovens, onde estes deixem de ser vistos como seres sem rosto e identidade própria, “coisificados” e tratados como se se reduzissem a somas, subtracções, multiplicações, médias...Será de bom tom ouvir com atenção os pedidos precisos de cada um desses jovens, conscientes de que eles são fruto de uma dada época e vivem numa dada sociedade. Depois de traçarmos, com o ponto de partida, um quadro genérico caracterizador do fenómeno adolescente e juvenil nas sociedades ocidentais do pós-guerra, e em particular dos problemas que afectam os jovens portugueses, fomos ouvir algumas dessas “pessoas que moram nos alunos” (conceito desenvolvido por autores como Pinto, Tedesco, Pais e Relvas, 1999 in As Pessoas que moram nos alunos - Ser jovem , hoje na escola portuguesa), que são parte da população escolar do ensino secundário, no intuito de levantar algumas pistas, de descobrir alguns indícios, de como pensam, sentem, sonham, de como antevêem o seu próprio futuro - afinal a escola e os professores são efeitos, eles são a causa. Assim, fomos recolher elementos de opinião de jovens alunos do ensino secundário, sobre a sua percepção relativamente: à forma como são tratados na escola, ao modo como se sentem na escola, àquilo que pensam da relação escola/trabalho, sobre quais os motivos que os levaram à escolha das suas áreas e cursos e quem os influenciou nessa escolha, e sobre quais as expectativas quanto à sua inserção no mercado de trabalho e de acesso ao primeiro emprego. Sem querer levantar totalmente o véu no que concerne às nossas conclusões, queremos dizer que nos pareceu óbvio que: saber ouvir é difícil, ouvir e pensar mais difícil se toma. Contudo, contrastando com os modelos educativos tradicionais de cariz massificador e colectivista, só um novo modelo fundado nos direitos dos jovens e no exercício de ouvir e pensar as "pessoas que moram nos alunos", parece estar em condições de vencer os desafios da democraticidade e da qualidade. Afinal, a escola existe porque existem os alunos. Citando Francis Ponge “O homem é o futuro do homem” e como dizia alguém - que a partir de agora sejam também os jovens a falar da juventude.
The present universe of students who attend the Portuguese secondary schools, those young adolescents, who make the routine of our schools more lively, they are not statistic data at all. They are people who share emotions, dreams, ambitions, they are unique and singular, and as such, they deserve to be recognised. It is quite impossible to keep on teaching without taking care of the person within each student. We defend the new “educational paradigm” which outstands much more the students and their learnings in its core rather than the teachers and the teaching methods. Taking into account that today’s world emphasises duties, uncertainty, consumption, new addictions, fragile political systems, disrupting work markets; we live in a world where haste and the ephemeral have gained roots; a world governed by adults too much worried with the globalisation of the economy and the stock markets, we find it advisable to rethink and reinvent the school, namely the training of the secondary level, in order to place young people - these singular and full of character creatures - in the heart of the educational reality. In a Western society, built upon an economical pattern of education in which a lot of parents do not share with their children, and during their schooling, enough parental relationship; where the socialisation deficit is blunt, it is maybe time to assess a new form of facing the student as a person, a way which will adjust itself to the youngsters’ needs and expectations, through which people will stop looking as them as faceless identities reduced to mass figures and treated as subtractions, multiplications, average rates. It will be adequate to hear attentively each of the young people’s appeals, being aware that they are the outcome of a certain epoch and the children of a certain society. After having traced, as a starting point, a general characterisation of the adolescent and juvenile phenomenon of Western post-war societies, particularly the problems which are afflicting the Portuguese youth, we have undertaken the hearing exercise of some of “those individuals who inhabit the students” (Whose concept was developed by authors such as Pinto, Tedesco, Pais and Relvas, 1999 in “As pessoas que moram nos alunos - Ser jovem , hoje na Escola Portuguesa”) who make part of the school population of the secondary level, so as to follow the clues, to find out hints of their way of thinking, feeling and dreaming, how they visualise their own future. After all schools and teachers are the effect, the students are the cause. Thus, we have collected secondary students’ opinions about their perception in regard to: the way they are treated at school, how they feel at school, how they see the school/work relationship, the driving forces which have taken them to choose certain learning areas and courses; who they are influenced by in their choices and their expectations concerning their insertion in the work market and access to their first job. It has become quite clear, despite our reluctance to reveal all the conclusions, that: learning how to hear is difficult and reflecting over it has become a much harder task. However, in contrast with the traditional educational patterns hued by massive and collective frames, only a new pattern, based on the young people’s rights and on the hearing exercise, can overcome the challenges of democratisation and quality. The existence of a school is justified by its own students. Quoting Francis Ponge ‘'Man is the designer of its own future” and as someone said “From now on the young should stand for the youth.”
Descrição: Tese de mestrado em Ciências da Educação (Teoria e Desenvolvimento Curricular), apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 2001
URI: http://hdl.handle.net/10451/29686
Designação: Mestrado em Ciências da Educação
Aparece nas colecções:FPCE - Dissertações de Mestrado



FacebookTwitterDeliciousLinkedInDiggGoogle BookmarksMySpace
Formato BibTex MendeleyEndnote 

Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.