Utilize este identificador para referenciar este registo:
http://hdl.handle.net/10451/34303
Título: | Parental risk perception of vaccine´s adverse reactions in paediatric population and its impact on vaccine compliance: The case of Portugal since 2012 |
Autor: | Fernandes, Marta Soraia Sousa |
Orientador: | Martins, Ana Paula Barão, Paula |
Palavras-chave: | Immunization Adverse drug following immunization Vaccine coverage Vaccine preventable diseases Vaccine hesitancy Teses de mestrado - 2018 |
Data de Defesa: | 19-Fev-2018 |
Resumo: | Background: The implementation of routine and mass vaccination programmes allowed the control of once life-threatening diseases like diphtheria and tetanus. Immunisation benefits were so satisfying that today we are facing the consequences of its own success. As parents have become less familiar with these diseases, they have become more concerned about the safety and necessity of vaccines.
This study aims to analyse adverse events following immunisation in the Portuguese paediatric population (2012 – 2016), explore vaccine trends in Portugal and compare the records from Portugal and The Netherlands. Additionally, the factors and reasons for vaccine hesitancy in high-income countries are addressed through a systematic review.
Methods: We conducted a retrospective study on adverse drug reactions in paediatrics to DTPa and MMR vaccine in Portugal, from 2012 to 2016. Public information on vaccine coverage and vaccine preventable disease cases in Portugal and in The Netherlands, was explored and compared. We conducted a systematic review on the factors behind vaccine hesitancy among parents in high-income countries.
Results: From 2012 to 2016 a total of 591 ADR reports, concerning Portuguese paediatric individuals exposed to DTPa, and/ or to MMR vaccines, were analysed. The system organ class most frequently involved in ADR reports was general disorders and administration site conditions. In Portugal, the national immunization program participation ranges from 96,1% to 99,1% vaccine coverage. In this study, it is possible to observe vaccination coverage decline over the selected cohorts in the Netherlands. Vaccine safety was the most recorded factor of vaccine hesitancy in the systematic review.
Conclusions: Adverse drug reaction reporting to vaccines in the Portuguese paediatric population is slightly decreasing over the years. Vaccination coverage in Portugal is very high. In The Netherlands vaccination coverage is decreasing. In Portugal, vaccine preventable disease cases in the paediatric population is consistently lower than in The Netherland. Parental risk perception of adverse drug reactions to vaccines is playing an important role on parental compliance with the national immunization program in high-income countries, which may lead to vaccine hesitancy or vaccine refusal. Introdução: A imunização é considerada a medida de saúde pública mais bem-sucedida e com melhor eficácia, logo após a água potável. A implementação dos programas de vacinação em massa permitiu a erradicação da varíola, a eliminação da poliomielite em diversas regiões do globo e o controlo de muitas doenças contagiosas, anteriormente mortais, tais como a difteria e o tétano. Qualquer substância capaz de produzir um efeito terapêutico, não se encontra isenta de produzir efeitos não desejados ou efeitos adversos, nenhum medicamento que seja farmacologicamente eficaz é completamente desprovido de riscos. A reação adversa a medicamentos é uma significante causa de mortalidade e morbilidade, especialmente na população pediátrica, e é fortemente associada a um importante custo económico com a saúde. Todas as vacinas autorizadas no mercado Europeu são rigorosamente testadas e monitorizadas, com elevados padrões de segurança, eficácia e qualidade. Milhões de vacinas são administradas em crianças anualmente, as reações adversas graves são incomuns e as mortes causadas pela administração de vacinas são muito raras. O Sistema Nacional de Farmacovigilância é responsável pela deteção, registo e avaliação das reações adversas, com o objetivo de determinar a incidência, gravidade e causalidade com os medicamentos, baseadas no estudo sistemático e multidisciplinar dos efeitos dos medicamentos. A notificação espontânea é um instrumento muito importante na monitorização da farmacovigilância, o principal objetivo da notificação espontânea é sinalizar novas reações adversas, que não foram encontradas antes da comercialização do medicamento, o mais rapidamente possível. O Sistema Nacional de Farmacovigilância é coordenado pelo Grupo de Gestão de Risco do Medicamento do INFARMED, I.P., quando a notificação de uma reação adversa grave é recebida pelo INFARMED, toda a informação é avaliada por uma equipa especialista em segurança do medicamento, para verificar se a reação adversa pode ter ocorrido devido à administração da vacina. Em Portugal, os médicos, farmacêuticos, indústria e utentes estão autorizados a reportar reações adversas a medicamentos às unidades de farmacovigilância. O Programa Nacional de Vacinação português está disponível para todos os cidadãos que se encontrem presentes em Portugal, incluindo imigrantes legais ou ilegais. Estão incluídas onze vacinas, que são recomendadas a todas as crianças com idades inferiores a 18 anos. O objetivo do calendário de vacinação recomendado é atingir a melhor proteção na idade mais adequada e o mais cedo possível, porque é no primeiro ano de idade que a criança é mais vulnerável a doenças infeciosas. Apesar da cobertura vacinal em Portugal ser considerada elevada e os casos de doenças estarem controlados, as autoridades nacionais estão atentas a movimentos anti-vacinação que estão a emergir na Europa, de que é exemplo a Holanda. A Holanda possui grupos já identificados de pais que recusam a vacinação, incluindo protestantes que residem na região do Cinturão Bíblico. Os membros das Congregações Reformadas acreditam que a vacinação é contra os preceitos de Deus. Os Antroposóficos acreditam que experienciar algumas doenças infeciosas contribui para reforçar o corpo e a mente. O Programa Nacional de Vacinação holandês inclui as mesmas vacinas que em Portugal. Apesar da cobertura vacinal na Holanda ser considerada elevada, tem-se vindo a observar nos últimos anos um declínio. Estas flutuações foram inicialmente observadas a nível regional, no entanto são agora comuns a toda a nação. Apesar de uma variedade de fatores desconhecidos poderem estar na origem deste declínio, a hesitação à vacinação por parte dos pais pode constituir um importante determinante neste campo. As vacinas são geralmente administradas em sujeitos saudáveis, normalmente em populações vulneráveis, como é o caso das crianças, pelo que as reações adversas têm um grande impacto na aceitação da imunização assim como na avaliação do benefício-risco. As atitudes, experiências e contexto social dos pais são determinantes na decisão de vacinar ou não a criança. O conhecimento que os pais têm face às doenças que podem ser prevenidas por vacinas, influenciam a sua perceção relativamente à gravidade da doença e à probabilidade das suas crianças virem a ser infetadas. Indivíduos hesitantes à vacinação demonstram níveis de indecisão variáveis sobre vacinas específicas ou sobre a vacinação em geral. Podem aceitar todas as vacinas, mas permanecer preocupados quanto à sua administração, alguns pais podem recusar ou adiar algumas vacinas, mas aceitar outras, outros indivíduos podem recusar todas as vacinas. O comportamento dos indivíduos hesitantes à vacinação é complexo e os determinantes da hesitação vacinal são altamente variáveis ao longo do tempo, espaço e vacina. Os benefícios da imunização foram tão satisfatórios que hoje enfrentamos as consequências do seu próprio sucesso. À medida que os pais foram ficando menos familiarizados com estas doenças, começaram a ficar mais atentos e preocupados quanto à segurança e necessidade das vacinas. Isto levanta uma grande preocupação quanto ao futuro do Programa Nacional de Vacinação, se a cobertura vacinal continuar a descer, não seremos capazes de manter a imunidade de grupo e consequentemente a população ficará suscetível às doenças prevenidas por vacinas. Este estudo pretende analisar os casos de reações adversas a vacinas na população pediátrica portuguesa (2012 – 2016), explorar a tendência vacinal em Portugal e comparar os indicadores de cobertura vacinal de Portugal e da Holanda. Adicionalmente, através de uma revisão sistemática da literatura, serão investigados os fatores que explicam a hesitação em países industrializados. Métodos: Foi realizada uma análise retrospetiva sobre das adversas (RAMS) às vacinas DTPa e VASPR ocorridas na população pediátrica, em Portugal, no período entre 2012 e 2016. Foi analisada a informação publicada sobre a cobertura vacinal e o número de casos de doenças prevenidas por vacinas em Portugal e na Holanda. Foi realizada uma revisão sistemática de literatura sobre os fatores etiológicos da hesitação à vacinação em países industrializados. Resultados: Desde 2012 a 2016 um total de 591 notificações de reações adversas às vacinas DTPa e VASPR, na população pediátrica portuguesa, foram analisadas. A faixa etária com maior número de notificações foi entre os 3 anos (inclusive) e os 12 anos (exclusive). O código ATC mais frequentemente envolvido nas notificações de reação adversa foi o J07CA02 vacina contra a difteria, o tétano, a tosse convulsa e a poliomielite. A classe de sistema de órgãos mais prevalente nas notificações foi transtornos gerais e condições do local de administração. Em 55,33% as reações adversas foram consideradas graves, 71,06% dos indivíduos com a reação adversa recuperaram completamente. A maior percentagem de reações adversas foi reportada pelo enfermeiro. Em Portugal, a cobertura vacinal do programa nacional de vacinação varia entre 96,1% e 99,1%, o que de acordo com este estudo, contrasta com os valores de cobertura vacinal apresentados pela Holanda, que variam desde 19.7% a 96.1%. Este estudo evidencia também, um declínio na cobertura vacinal das coortes selecionadas na Holanda que se tem vindo a repetir durante os últimos anos. Foram diversos os fatores identificados como estando associados à hesitação à vacinação. Foram identificados como fatores respetivamente, as características específicas dos pais, fatores relacionados com as vacinas e fatores relacionados com a doença. O fator mais referido na revisão sistemática de literatura foi a segurança vacinal. Conclusão: A notificação de reações adversas a vacinas na população pediátrica portuguesa está a diminuir ao longo dos anos. A cobertura vacinal em Portugal é elevada. Na Holanda, a cobertura vacinal está a diminuir. Em Portugal, o número de casos de doenças prevenidas por vacinas é substancialmente inferior aos dados registados na Holanda. A perceção de risco dos pais face às reações adversas a vacinas constitui um importante fator no cumprimento do plano nacional de vacinação nos países industrializados, o que pode gerar hesitação à vacinação ou mesmo a recusa vacinal. |
Descrição: | Tese de mestrado, Regulação e Avaliação do Medicamento e Produtos de Saúde, Universidade de Lisboa, Faculdade de Farmácia, 2017 |
URI: | http://hdl.handle.net/10451/34303 |
Designação: | Mestrado em Regulação e Avaliação do Medicamento e Produtos de Saúde |
Aparece nas colecções: | FF - Dissertações de Mestrado |
Ficheiros deste registo:
Ficheiro | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
TM_Marta_Fernandes.pdf | 1,21 MB | Adobe PDF | Ver/Abrir |
Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.