Pegada Carbónica da FCUL

Abstract

As alterações climáticas representam um dos maiores desafios para a sociedade e, nas últimas décadas, um número crescente de instituições e empresas começaram a reportar anualmente o seu desempenho ao nível das emissões indiretas de gases com efeito de estufa (GEE), nomeadamente CO2, CH4 e N2O, em termos de CO2eq, ou seja, contabilizando a sua Pegada Carbónica (PC). Assim, cada vez mais as empresas/instituições seja qual for o sector de atividade procuram avaliar e reportar o seu desempenho ambiental, não só para estimar a quantidade de gases prejudiciais, mas também gerir riscos, identificar atividades/processos poluentes, possíveis oportunidades de redução da Pegada Carbónica, melhorar eficiência, ganhar vantagem competitiva e reduzir custos. Esta dissertação teve como objetivo principal avaliar a PC da Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa (FCUL), no campus do Campo Grande, no intervalo temporal de 2017 a 2019, seguindo uma abordagem da Avaliação do ciclo de vida. O método utilizado, baseado no GHG Protocol, segue a divisão das emissões de GEE em emissões diretas referentes do consumo do gás natural, gases refrigerantes e veículos da FCUL (âmbito 1), emissões indiretas referentes à geração da eletricidade consumida (âmbito 2), emissões indiretas referentes ao gasto energético e processamento com resíduos, alimentos e água (estação de tratamento de água – ETA, e estação de tratamento de águas residuais – ETAR), emissões de viagens pendulares Casa-FCUL e dos investigadores FCUL-Reunião/trabalho de campo/conferência (âmbito 3). Os dados de consumo de energia, da água e dos resíduos (plástico, vidro, equipamentos elétricos, óleos usados, madeira, metais, materiais hospitalares) foram fornecidos pelo gabinete de sustentabilidade da FCUL. Os dados da aquisição de bens alimentares (dividido em categorias produto) foram fornecidos pela Associação de trabalhadores da FCUL (ATFCUL), sem discriminar os fornecedores para garantir a proteção de dados. Através dos inquéritos realizados em 2017 e 2019 para efeito de dissertações, foi possível obter dados para as viagens pendulares e viagens dos investigadores, respetivamente. Os resultados mostram que a pegada carbónica variou entre 9486 e 9580 toneladas de CO2e, ou para valores per capita que variou entre 1.55 e 1.61 toneladas de CO2e, sendo as emissões do âmbito 3, as quais a faculdade não tem controlo, são as que tiveram maior expressão final. As viagens pendulares foram a fonte de emissão que mais peso teve na PC da FCUL, cerca de 45%, seguido por consumo de energia elétrica (variou entre 22-26%) e gases refrigerantes (15%).