Perturbações de personalidade segundo o modelo alternativo do DSM-5

Abstract

O presente estudo procurou explorar a relação entre as perturbações de personalidade e os traços de personalidade. Foram aplicados três instrumentos: um Questionário Sociodemográfico e as versões portuguesas da Escala do Nível de Funcionamento da Personalidade – Autorrelato (LPFS-SR) e do Inventário da Personalidade para o DSM-5 – Adultos (PID-5). Os resultados da LPFS-SR foram analisados comparando dois grupos de participantes de uma população clínica, um grupo de indivíduos com diagnóstico de perturbação da personalidade (n = 31) e um grupo de indivíduos com outros diagnósticos psiquiátricos (n = 109). Já para o PID-5 a amostra foi dividida em três grupos, um grupo de indivíduos com diagnóstico de perturbação de personalidade do Grupo B (n = 80), um grupo de indivíduos com diagnóstico de outras perturbações de personalidade (n = 43) e ainda um grupo de indivíduos com outros diagnósticos psiquiátricos (n = 336). Foi também analisada a capacidade preditiva dos domínios e do total da LPFS-SR relativamente ao diagnóstico de perturbações de personalidade. As hipóteses basearam-se na conceptualização teórica subjacente ao modelo alternativo da personalidade do DSM-5. Os resultados evidenciaram algumas diferenças significativas entre estes grupos em ambos os instrumentos. Sujeitos com perturbação de personalidade apresentam níveis mais elevados nos domínios Identidade, Autodireção, Intimidade e Total da LPFS-SR. Relativamente ao PID-5 verificou-se que o grupo de participantes com perturbação de personalidade do Grupo B obteve resultados significativamente superiores nos domínios Desinibição e Antagonismo e ainda nas facetas Hostilidade, Manipulação, Falsidade, Procura de Atenção, Impulsividade, Irresponsabilidade, Envolvimento em Comportamentos de Risco, Perseveração, Suspeição e Crenças e Experiências Incomuns. Por último, verificou-se também que a LPFS-SR não se mostra preditora das perturbações de personalidade, o que propomos ser explorado em estudos futuros.

The present study explores the relationship between personality disorders and personality traits. There were three working instruments: a Sociodemographic Questionnaire and the Portuguese versions of the Level of Personality Functioning Scale – Self-Report (LPFS-SR) and the Personality Inventory for the DSM-5 - Adults (PID-5). The results of the LPFS-SR were analyzed comparing two groups of participants from a clinical population, a group with a diagnosis of personality disorder (n = 31) and a group with other psychiatric diagnoses (n = 109). For the PID-5, the sample was divided in three groups, a group of individuals with a diagnosis of personality disorder of Cluster B (n = 80), a diagnostic group of other personality disorders (n = 43) and a group with other psychiatric diagnoses (n = 336). The predictive capacity of the LPFS-SR domains and total for personality disorders was also analyzed. The hypotheses were based on the theoretical conceptualization underlying the DSM-5 alternative personality model. The results showed some significant differences between these groups in both instruments. Subjects with personality disorder have higher levels in the Identity, SelfDirection, Intimacy and Total domains of the LPFS-SR. Regarding the PID-5, it was found that the group of participants with personality disorder of Cluster B obtained higher results in the Disinhibition and Antagonism domains and in the facets of Hostility, Manipulation, Deceitfulness, Attention-Seeking, Impulsivity, Irresponsibility, Risk Taking, Perseveration, Suspiciousness and Unusual Beliefs and Experiences. Finally, it was also verified that the LPFS-SR is not a predictor of personality disorders, what we propose to be explored in future studies.