Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10451/55746
Título: Neuropotenciação e identidade pessoal. Dilemas neuroéticos
Autor: Fernandes, Sara Margarida de Matos Roma
Orientador: Correia, Carlos João Tavares Nunes
Caldas, Alexandre Lemos de Castro
Palavras-chave: Ricoeur, Paul, 1913-2005
Neurociências - Aspectos morais
Personalidade
Pessoa (Filosofia)
Neuropotenciação
Reducionismo
Teses de doutoramento - 2022
Data de Defesa: 29-Mar-2022
Resumo: Na presente dissertação reflecte-se sobre os principais dilemas neuroéticos suscitados pela neuropotenciação. Primeiro define-se o conceito e, na Parte I, explicita- se o debate acerca do problema da identidade para avaliar o impacto antropológico desta manipulação cerebral. Argumenta-se contra a abordagem anglo-saxónica por ignorar as pessoas reais, por se perder em casos embaraçantes e, finalmente, por procurar um critério objectivo e impessoal. Depois, defende-se a filosofia hermenêutica da identidade de Ricoeur, preocupada com a vida e o ser humano, tal como os conhecemos. Recorrendo à ficção narrativa, sustenta-se que a obra de V.Woolf influenciou a posição ricoeuriana, embora este formule uma concepção mais lata de praxis, englobando a estética, mas fundada eticamente e estendendo-se à política. À luz desta concepção de identidade analisam-se os dilemas neuroéticos na Parte II, pois trata-se sempre de saber se a neuropotenciação poderá ser um cenário viável na autoconstrução e no autoconhecimento. Tomando, como referência, o ‘Prozac’, repensa-se o problema da identidade, avaliando-se o neuroreducionismo. Defende-se que a neuropotenciação não afecta a identidade, porque altera a personalidade, mas não o sentido de si. Adoptando-se a teoria da justiça de Rawls, argumenta-se contra algumas críticas e defende-se que a neuropotenciação é justa nos adultos, mas não em crianças. Esta reflexão neuroética centra-se na neuropotenciação cognitiva, mas a tese defendida estende-se aos domínios do humor e da moral, se respeitados os princípios rawlsianos. Posteriormente, recorrendo a Aristóteles, C.Taylor e Eliade sustenta-se que a alienação ameaça o ideal de vida boa na neuropotenciação do humor e que nenhuma neuropotenciação é suficiente para ter uma vida boa. Critica-se ainda a neuropotenciação moral por anular o agente, comprometendo os ideais democráticos. Finalmente, analisam-se casos saudáveis e patológicos de raciocínio moral, defende-se que o conhecimento neuroético actual não justifica a crença no determinismo, apontando antes para um esclarecimento progressivo do comportamento livre.
This dissertation discusses the main neuroethical questions raised by neuroenhancement. First it evaluates the anthropological effects of this brain manipulation. Starting with a neuroenhancement definition, in Part I, it discusses the personal identity problem, and gives reasons for rejecting the Anglo-Saxon approach. It neglects real people, is focused on puzzle cases, and the search for an objective and impersonal criterion. After, it defends Ricoeur's hermeneutic philosophy of identity, concerned with human beings and human life as we know them. Later, based on narrative fictions, it is argued that Ricoeur's perspective was influenced by Virginia Woolf's literature, although he formulated a broader conception of praxis, encompassing aesthetics, but ethically founded and extended to politics. In Part II, all neuroethical dilemmas are analyzed in the light of the Ricoeurian conception of identity, as it will always be a question of knowing whether neuroenhancement will be a plausible way for self-constitution and self-knowledge. Later, taking ‘prozac’ as a reference, the personal identity problem is reconsidered, evaluating neuroreductionism. It is argued that neuroenhancement does not affect identity, as it only alters the personality, not the sense of the self. Adopting Rawls's theory of justice, it defends that neuroenhancement is fair in adults, but not in children. This neuroethical thesis is drawn on cognitive neuroenhancement, but it should be extended to mood and morals, if rawlsian principles are respected. After, based on Aristotle, C.Taylor and Eliade, it sustains that the ideal of a good life is threatened by alienation in mood neuroenhancement, and no neuroenhancement is sufficcient to have a good life. Later, it criticizes moral neuroenhancement for suppressing the agent, and challenging democratic ideals. Finally, healthy and pathological cases of moral reasoning are compared to defend that current neuroethics knowledge does not justify philosophical determinism, rather sustains a progressive understanding of free human behavior.
URI: http://hdl.handle.net/10451/55746
Designação: Doutoramento em Filosofia
Aparece nas colecções:FL - Teses de Doutoramento

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
ulflsmmrfernandes_td.pdf3,72 MBAdobe PDFVer/Abrir


FacebookTwitterDeliciousLinkedInDiggGoogle BookmarksMySpace
Formato BibTex MendeleyEndnote 

Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.