Macroalgas como fonte de compostos bioativos : extração e aplicações no pescado

Abstract

O pescado fresco é um alimento muito perecível e a procura por soluções para prolongar o seu tempo de vida útil tem vindo a aumentar. As macroalgas, como fonte de compostos bioativos que garantam a estabilidade microbiológica dos alimentos, apresentam-se como alternativas promissoras. Este trabalho teve como objetivo estudar a aplicação de um revestimento à base de extratos de algas, na qualidade microbiológica de salmão fresco, durante o armazenamento (seis dias a 4ºC). Foi avaliada a capacidade antioxidante [por Quantificação Total de Polifenóis (QTP) pelo método de Folin-Ciocalteu e avaliação da capacidade de redução do radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH)] e antimicrobiana (por avaliação do crescimento de bactérias) de extratos de macroalgas (Fucus spiralis, Bifurcaria bifurcata, Codium tomentosum, Porphyra dioica e Palmaria palmata), obtidos com diferentes métodos (vórtex, banho de ultrassons e sonicador) e utilizando acetona, metanol e água em diferentes proporções, como solventes. Verificou-se que os extratos obtidos a partir das macroalgas castanhas apresentaram maior atividade antioxidante. Bifurcaria bifurcata exibiu o efeito mais potente na capacidade de redução do DPPH, no extrato obtido com o vórtex e 75% de acetona. O conteúdo total de polifenóis foi elevado nos extratos das algas castanhas, mas Codium tomentosum apresentou o valor mais alto. Relativamente à capacidade antimicrobiana dos extratos, calculou-se a percentagem de crescimento de Pseudomonas putida, Shewanella putrefaciens, Escherichia coli, Listeria innocua, Bacillus subtilis e Staphylococcus aureus. Os menores valores médios registados foram para Bacillus subtilis e Staphylococcus aureus, o que indica uma maior inibição do crescimento destas bactérias. No caso de estudo, foi avaliado o crescimento de enterobactérias, bactérias psicrotróficas e bactérias produtoras de sulfeto de hidrogénio isoladas do peixe, armazenado a 4ºC, ao longo de seis dias, na ausência e presença de um revestimento preparado com extratos de Fucus spiralis e Porphyra dioica, concluindo-se sobre o seu putativo efeito protetor pois o crescimento bacteriano foi inferior nos últimos dias do armazenamento.

Fresh fish is a very perishable food and the search for solutions to prolong its shelf life has been increasing. Macroalgae, as a source of bioactive compounds that guarantee the microbiological stability of food, are presented as promising alternatives. This work aimed to study the application of a coating based on algae extracts, on the microbiological quality of fresh salmon, during storage (six days at 4ºC). The antioxidant capacity [through Total Phenolic Content (TPC) by the Folin-Ciocalteu method and the evaluation of the 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl (DPPH) radical reduction capacity] and antimicrobial capacity (by the evaluation of bacterial growth) of macroalgae extracts (Fucus spiralis, Bifurcaria bifurcata, Codium tomentosum, Porphyra dioica and Palmaria palmata), obtained with different methods (vortexer, ultrasound bath and sonicator) and using acetone, methanol and water in different proportions as solvents was evaluated. It was found that the extracts of brown macroalgae showed higher antioxidant activity. Bifurcaria bifurcata exhibited the most potent effect on DPPH reduction capacity in the extract obtained through the vortexer and 75% acetone. The total phenolic content was high in brown algae extracts, but Codium tomentosum showed the highest value. Regarding the antimicrobial capacity of the extracts, the growth percentage of Pseudomonas putida, Shewanella putrefaciens, Escherichia coli, Listeria innocua, Bacillus subtilis and Staphylococcus aureus was calculated. The lowest mean values were recorded for Bacillus subtilis and Staphylococcus aureus, which indicates a greater inhibition of the growth of these bacteria. In the case study, the growth of enterobacteria, psychrotrophic bacteria and hydrogen sulfide-producing bacteria isolated from fish, stored at 4ºC, over six days, in the absence and presence of a coating prepared with extracts of Fucus spiralis and Porphyra dioica, was evaluated, concluding about its putative protective effect as bacterial growth was lower in the last days of storage.