Co-estimulação de linfócitos B e auto-imunidade : um estudo de associaçao de variantes genéticas de CD40, BLYS e CD19 e o penfigo foliáceo endemico
Resumo
O pênfigo foliáceo endêmico (PFE) é uma doença auto-imune complexa caracterizada por bolhas intra-epidérmicas e pela presença de anticorpos contra a desmogleína 1. A auto-imunidade resulta em perda de adesão entre os queratinócitos, um processo denominado acantólise. As interações das moléculas CD40, BLYS e CD19 com seus receptores, desencadeiam sinais intracelulares co-estimuladores de células B, tendo papel fundamental na regulação e manutenção da tolerância central e periférica. Níveis alterados dessas moléculas já foram correlacionados com vários distúrbios autoimunes. Em algumas dessas doenças esses níveis alterados foram correlacionados com
polimorfismos nos genes que codificam estas moléculas. Este trabalho destina-se a investigar, por meio de um estudo de associação caso-controle, se polimorfismos genéticos dessas moléculas podem conferir maior susceptibilidade ou resistência ao PFE. Além disso, tentou-se analisar possíveis efeitos de interação gênica sobre a susceptibilidade à doença, entre os genes em estudo entre si e desses com genes
previamente analisados, para os quais já haviam sido identificadas associações com o PFE (IL4, IL6 e HLA-DRB1). Foram analisados 147 pacientes e 290 indivíduoscontrole. Não foram encontradas associações de variantes alélicas ou genotípicas de CD40, BLYS e CD19 com o PFE. Também não foram identificadas interações entre os genes IL4, IL6 e HLA-DRB1 e os genes CD40, BLYS e CD19. Associações negativas
foram encontradas ao analisarem-se genótipos compostos de BLYS –871 e CD40 –1: indivíduos portadores do alelo C em BLYS e T em CD40 (OR = 0,52 e 0,56), portadores de T em BLYS e T em CD40 (OR = 0,47 e 0,45) e portadores do genótipo C/T em BLYS e do alelo T em CD40 (OR = 0,33), são mais resistentes à doença. Já ao analisarem-se os genótipos compostos de CD40 –1 e CD19 –30, foram encontradas
associações positivas com as seguintes combinações: indivíduos portadores do alelo C em CD40 e T em CD19 (OR = 3,85 e 3,0) e indivíduos portadores do genótipo C/C em CD40 e do alelo T em CD19 (OR = 2,07), são mais susceptíveis à doença. Os resultados dessas análises de interação gênica foram interpretados com cautela, pois não foram aplicadas correções estatísticas aos valores de P. Os resultados desse estudo levam-nos a concluir que a variabilidade analisada não influencia, de forma expressiva, o desenvolvimento do pênfigo foliáceo endêmico. Sugere-se que o possível efeito dos genótipos compostos de CD40 e BLYS, como os de CD40 e CD19, sobre a susceptibilidade/resistência ao PFE sejam investigadas de forma mais detalhada em estudos posteriores, utilizando-se amostras maiores de pacientes e controles
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