Operação Condor
Data
2014-09-02Autor
CEV
COMISSÃO ESTADUAL DA VERDADE DO PARANÁ – TERESA URBAN
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Mostrar registro completoResumo
Audiência Pública em Curitiba - Universidade Federal do Paraná, Teatro da Reitoria, 2 e 3 de setembro de 2014
palestrantes: Ana Juanche Molina, Jaina Silvermann, Jair Krischke e Martin Almada
Tema: Operação Condor
DIA 02/09/2014
VÍDEO 0000 - Abertura da Audiência Pública Especial Operação Condor, composição da mesa Dr. Ivete Caribé Rocha – Presidente da Comissão Estadual da Verdade, Profº Noronha Nohama representando o Reitor da UFPr; Dr. Olympio de Sá Souto Maior Neto, Dr. Maria Aparecida Blanca; Dr. Carol Proner representante da Comissão Nacional de Anistia. .
RODRIGO LEM – Rapidamente apresenta duas pesquisas realizadas pela Comissão de Anistia, sobre 4.400, processos dos quais 340 já foram deferidos, e que trabalharam com 10% de amostra. Os processos que tratam dos trabalhadores urbanos trazem informações importantes como: 2/3 são perseguições realizadas nos anos de chumbo entre 1964-1967; havia 17 tipos de perseguições entre elas as que mais se destacam foram demissões, transferências de local de trabalho, prisões, etc.
CAROL PRONER – Destaca o lançamento do livro sobre a Caravana da Anistia com depoimentos nas 5 regiões do Brasil; 115 pareceres do Conselho Nacional de Anistia, História da Anistia, perseguição a grupos específicos; a camada da própria justiça na Ditadura, os diferentes votos dos membros da Comissão demonstrando a importância para o registro da Comissão de Anistia. Destaca ainda a importância dos 4 eixos trabalhados para a reparação e memória que além da reparação econômica, a reparação moral, a reparação individual e do papel de cada um na luta pela democracia. O relatório final contribuirá para a justiça de transição.
NORTON NOHAMA – Destaca a importância da CEV e do esforço de várias instituições que trabalharam a criação da CEV. O relatório não será conclusivo, mas que contribuirá de forma efetiva para construir uma Comissão do Cone Sul para a investigação da Operação Condor. Destaca o papel da Comissão da Anistia e ressalta a contribuição tanto para a justiça de transição como informações e documentação que auxiliarão os trabalhos da CEV.
OLYMIPO DE SÁ SOUTO MAIOR NETO – Resgate da Memória e da Justiça – Integração da América do Sul pela via dos Direitos Humanos; Integração do terrorismo de Estado um grande mal feito para as nações; Justiça de transição; Supremo Tribunal Federal a responsabilização as graves violações dos Direitos Humanos. Os países latino americanos estão tratando de suas dívidas com seus cidadãos.
IVETE CARIBÉ DA ROCHA – Agradece as pessoas que se dispuseram a colaborar com a comissão justifica as ausências e encerra a abertura.
VÍDEO-00001 Abertura dos trabalhos, compõe a mesa a Dr.ª Ivete e a Drª Maria Aparecida Blanco, esta faz apresentação do Profº de Direitos Humanos Martim Almada da Universidade Nacional do Paraguai, destaque do trabalho do professor 15 anos de pesquisa no Arquivo do Terror.
MARTIN ALMADA – Inicia a fala que ficou muito impressionado com o Golpe de 1964 no Brasil. Depois contou sobre aspectos da Operação Condor e também como ela impactou em sua vida.
03/09/2014 – TEATRO DA REITORIA – OPERAÇÃO CONDOR
VÍDEO 0000A.MST2 - JAIR KRISCHKE
Fazem parte da mesa a Sr. Ivete Rocha, Sr. Jair Krischke e Sr. Martim Almada. O Sr. Jair inicia fazendo um pequeno histórico onde começou a Operação Condor. Sua Relação com o casal uruguaio Universindo Dias, sua mulher e filhos a busca por eles que estavam presos no DOPS em Porto Alegre. A doutrina da ditadura inicia em 1964 e endurece em 1968 com a edição do Ato Institucional nº5 – AInº5. Fala da interferência do Brasil nas eleições Uruguaia e a ida de Medici aos EUA negociar a eleição, se a “Frente Ampla” ganhasse as eleições o Brasil invadiria o Uruguai. Relata a influência do Brasil na implantação de ditaduras na América Latina com aportes financeiros e materiais. A Operação Condor inicia em 1975 com uma reunião no Chile, o Brasil não assina a ata, estão presentes o Tenente Coronel Flávio de Marco – codinome “Tiocaco”; Major Dalmaturgo Sottero Vaz – codinome “Sabino”. Duas figuras que atuaram no desmanche da Guerrilha do Araguaia e representavam a Ditadura brasileira na reunião. Dezembro de 1970 o Brasil atuava na Operação Condor porém com o nome de Busca no Exterior através do órgão Centro de Informações no Exterior – CIEX, criado no seio do Itamarati pelo embaixador Pio Correia – agente da CIA. Edmur Péricles Camargo – quadro do PCdoB cria o grupo M3G – Marx, Mao, Mariguela e Che Guevara, foi um grupo muito atuante foi preso e trocado pelo embaixador da Suíça. Joaquim Pires Ferreira – capturado em Buenos Aires e levado para o Rio de Janeiro. Mesmo após a Lei de Anistia ainda acontecem desaparecimentos, como os de Uruguaiana em 26/06/1980, quando da visita do Papa João Paulo II em Porto Alegre o Padre Jorge Oscaradu, Montanero não chegou a POA assim como o estudante de medicina Lourenço Esmael Vinhas. Relata ainda o caso dos argentinos Monica Suzana e Horácio Campiglia que foram vítimas da repressão, sendo capturados no Rio de Janeiro em uma operação conjunta de Brasil e Argentina. Outro perseguido na Operação Condor foi Remijo Giminez ficou 11 anos preso, foi o último preso político Paraguaio a ser libertado em 1989.
ANA JUANCHE MOLINA - Pesquisadora da Militarização na América Latinas. Destaca a questão econômica como “desculpa” para melhorar a vida dos mais desvalidos. Explana sobre a Ditadura no seu País nas décadas 1960-1980. Os anos de 1973-1974 é o período de maior atividade da Operação Condor no Uruguai. O Partido Colorado faz um acordo com as forças armadas e elaboram uma lei para punir os delitos da ditadura mas não se tem muito resultado, e somente com a instalação da Comissão pela Paz e que começam a ver resultados. Para ela a Ditadura no Uruguai pode ser dividida em três etapas – a primeira de 1973-1976 chamada de Ditadura Comissarial – paz e seguridade – luta armada; a segunda 1976 Ditadura Fundacional – instala fortemente é atroz, onde aparecem os mais graves crimes e a terceira -1980 Ditadura transacional. Em 1985 reabertura Democrática onde o poder dos militares começa a se dividir lentamente com a crise financeira e as iniciativas de Brasil, Chile, Paraguai. Onde elaboram informes democráticos como o “Brasil Nunca mais” – que se faz alguma coisa. Fazem um relatório em 2003, apenas alguns casos foram reconhecidos recentemente. Duzentos e trinta e oito desaparecidos, descreve onde foram desapareceram ou foram assassinados. Cita casos importantes, assim como a entrega de crianças nascidas em cativeiros. Os que migravam forçados, os torturados, prisões prolongadas, essas ações são em Conjunto com a Operação Condor. A relação Brasil-Uruguai na Operação Condor e outras operações não deixou rastros. Cita vários casos, com nomes de torturadores e torturados. Fala dos cemitérios clandestinos os quais foram abertos com equipes multidisciplinar. As ações do Estados para reconhecer as vítimas da ditadura, foi difícil, foi preciso recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos, mas os processos são muito lentos e a leis uruguaias não facilitam o andamento. Além de que os arquivos não estão abertos para Pesquisa.
VÍDEO 00001B.MTS2
Este vídeo traz o debate ocorrido depois da fala Jair Krischke e Ana Juanche Molina.
- O Sr. Jair fala como foi gestado o Golpe no Brasil com os General Mourão Filho, Castelo Branco, Costa e Silva e o adido militar dos EUA Venon Walters estes os principais personagens que estão a costurar o Golpe; relato de detalhes do golpe de 1964 – reunião com João Goulart com o Comandante do 3º Exercito. Exilio e morte de João Goulart – investigação da morte ainda está em Curso na Argentina.
- O Jornal “O Dia” em Curitiba é um braço da Operação Condor;
- A Sra. Ana fala sobre os torturadores uruguaios, mas que estão presos por homicídios normais, porque a lei uruguaia não reconhece torturas de Estado.
- Operação Colombo no Chile onde 119 presos foram assassinados;
- Citados os Casos de Guiomar Solonge Schmidt; Mário Raul e Aloysio Dias Gomide.
VIDEO 00002C - JAINA SILVERMANN – Pesquisadora da Operação Condor e o
Movimento Sindical. "O papel dos Estados Unidos na Operação Condor para consecução da justiça e reparação pelos crimes cometidos no esccopo da Operação Condor", ressaltou o envolvimento estadunidense e como a Operação Condor ainda tem seus legados atualmente. A pesquisa tanto nos Estados Unidos como na América Latina é difícil por não ter a documentação e principalmente pela atuação dos Estados Unidos em outros países. Na sua visão o movimento sindical foi vítima assim como as pessoas que atuavam nos sindicatos. Fala do sequestro de Lilián Celiberti e Universindo Díaz, e duas crianças em solo brasileiro. Celibert é do Sindicato dos professores do Uruguai, na Argentina 70% dos casos são sindicalistas. A eliminação dos sindicatos como atores políticos de esquerda influencia as novas leis trabalhistas. A Operação Condor nasce com a Doutrina da lei de Segurança Nacional (1947) e a CIA, órgãos que tinham envolvimento com órgãos de repressão da América Latina. Além da criação da OEA 1948 – Tratados multilaterais interamericanos de assistência reciproca. CIA e os casos emblemáticos: Prates – dirigente sindical, 1974; Rene Fuentes – Chileno, Almicar [San...] – Argentino. A colaboração dos EUA antes e depois da Operação Condor com os países da América Latina, influenciando na ditadura, apesar de saberem o que acontecia nos países muitas vezes não agia, sabia do terrorismo que havia mas não fazia nada para parar. Faz um apanhado da documentação encontrada nos EUA. Após sua fala Ivete Rocha fala sobre a Operação Condor no Paraná destacando o massacre do Parque Iguaçu – Estrada do Colono, fala tanto dos militantes como dos agentes de repressão, descreve sequestros e assassinatos. Destaca que um dos objetivos da Operação Condor é eliminar as lideranças e políticos. Cita os movimentos de resistência no Cone Sul, Tupamaros no Uruguai, Montoneros na Argentina, Movimiento De Izquierda Revolucionaria - MIR no Chile; Ação Libertadora Nacional (Aln) e Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) no Brasil. Expõe sobre casos da tríplice fronteira e a participação da Itaipu com uma assessoria de informações.
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- Violência de estado [405]
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